“Política é que deve ficar em quarentena”, ironiza diretor da OMS

Para entidade, "antigo normal" não vai ser possível, a curto prazo. EUA, Brasil e Índia respondem por 1/3 das contaminações

Foto: Divulgação/WHO

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, descartou a possibilidade de o mundo voltar, no curto prazo, ao “antigo normal” – ou seja, à realidade anterior à Covid-19. “A pandemia já mudou a maneira como vivemos. Ajustar-se ao ‘novo normal’ é encontrar maneiras de viver de modo seguro”, disse, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira.

Em seguida, o diretor-geral disse que quase metade dos casos no globo, que já bateram os 15 milhões, vem de apenas três países. Segundo dados da Universidade John Hopkins, Tedros se referia a Estados Unidos, Brasil e Índia. O líder da OMS ainda alertou para a politização da pandemia – a “maior ameaça”, segundo ele. Tedros ainda ironizou, dizendo que a política é que deve, neste momento, ficar “em quarentena”.

O diretor reiterou que a maior parte da população mundial ainda está suscetível ao novo coronavírus e que, por isso, medidas de prevenção, como lavar as mãos e manter o distanciamento social, seguem valendo. “Nós continuamos a ver transmissão intensa do vírus em alguns países”, afirmou, sem especificar a quais se referia.

Já o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, disse que a entidade multilateral trabalha junto a autoridades da China para entender plenamente a origem do novo coronavírus. A responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove, reforçou que a doença é nova e, por isso, orientações sobre ela podem ser alteradas a qualquer momento.

Os integrantes da OMS afirmaram, ainda, que Brasil, Estados Unidos e Índia detêm capacidade para vencer a pandemia, embora sejam desafios algumas características indissociáveis, como densidade populacional. “Os três são países democráticos, mas grandes, populosos e complexos”, declarou Michael Ryan. “Os governos locais devem tomar decisões sobre quarentena baseadas em dados, e em dados locais”, completou.

Maria Van Kerkhove entende que EUA, Brasil e Índia dispõem de “lideranças tremendas”, “bons médicos” e “ferramentas para virar o jogo”. Ela ainda disse que a entidade multilateral também não deseja a retomada de grandes bloqueios econômicos, mas que, em alguns casos, a medida pode ser inevitável.