“É um modelo vivo, não de prateleira”, declara Leany Lemos sobre o Distanciamento Controlado

Coordenadora do Comitê de Dados sobre a Covid no RS participou, nesta terça-feira, de videoconferência da Associação Comercial e Industrial de Lajeado

Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini

No momento em que o modelo de Distanciamento Controlado sofre contestações de prefeituras gaúchas e representantes do comércio, a coordenadora do Comitê de Dados sobre o coronavírus, Leany Lemos, voltou a defender, nesta terça-feira, a estratégia adotada pelo Palácio Piratini no enfrentamento à pandemia. Ao destacar que o Rio Grande do Sul registra a quarta menor taxa de mortalidade do país, com 11,9 por 100 mil habitantes, Leany garantiu que o monitoramento é uma alternativa a modelos extremos, como o “lockdown ou abertura total” da economia, e visa equacionar as questões econômica e sanitária.

Durante videoconferência da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), com o tema “Bandeiras na pandemia: a definição do mapa do RS”, Leany salientou que o modelo passou por ajustes desde o começo da pandemia, como inclusão da análise de recursos sobre a classificação final das bandeiras de risco. Na avaliação da coordenadora, o Distanciamento Controlado oferece segurança, mas pode ser aprimorado. “É um modelo vivo, não de prateleira”, justificou, acrescentando que outros governos, como os de São Paulo e de Santa Catarina se inspiraram no exemplo gaúcho.

O presidente da Acil, Cristian Rota Bergesch, questionou os critérios para reavaliar a situação de determinadas regiões. Além de explicar que o modelo conta com 11 indicadores, levando em conta principalmente indicadores de propagação da doença, evolução do vírus e a incidência de pacientes ativos e recuperados, Leany alertou que à medida que existem menos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), isso acaba afetando a capacidade das macrorregiões. “Às vezes muda por conta dos recursos porque a gente olha para determinada região Covid-19 e verifica o que está pesando na macrorregião”, observou, reconhecendo que alguns ajustes já foram realizados ao longo do tempo.

Embora reconheça que o governo recebe “alguns recursos bem concatenados, com informações relevantes”, ela admitiu que existe debate sobre maior responsabilidade das prefeituras no processo. “Não me parece que vai ser libera geral, ainda não temos resposta para isso. Está em discussão interna”, completou. Conforme Leany, a ampliação da participação das prefeituras se enquadra em uma segunda fase, já que a primeira parte do projeto, que já teve 12 semanas de divulgação de bandeiras, ajudou a organizar o estado e evitar o esgotamento do sistema de saúde. “Aumentamos em 75% os leitos de UTI. Se não tivesse isso, teríamos colapsado um mês e meio atrás”, afirmou, destacando que o RS enfrenta o momento mais difícil no combate à Covid-19.

Diretor-executivo do Hospital Bruno Born, Cristiano Dickel, afirmou que o modelo de Distanciamento Controlado é “robusto”, mas defendeu ajustes ao longo do tempo. Conforme Dickel, mesmo com as dificuldades para enfrentar a doença, o governo vem mantendo diálogo com os municípios.