RS recebe anestésicos comprados no Uruguai para reabastecer UTIs

Carga de 500 mil unidades de anestésicos, adquirida pelo Ministério da Saúde, chega durante a madrugada

Foto: Cristiano Guerra / Divulgação

O Rio Grande do Sul recebe, neste sábado, uma carga de 500 mil unidades de medicamentos anestésicos comprados pelo Ministério da Saúde junto ao governo do Uruguai para abastecer os hospitais gaúchos. São remédios utilizados para sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular em cirurgias e também na intubação de pacientes com casos graves de Covid-19 nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).

A negociação surgiu através de sugestão do presidente da Comissão do Mercosul da Assembleia Legislativa, deputado Frederico Antunes, e da secretaria de Relações Federativas e Internacionais, Ana Amélia Lemos, facilitada pela relação binacional criada durante a assinatura do Acordo Sanitário entre Brasil e Uruguai para o enfrentamento ao coronavírus, assinado em 26 de junho.

A carga é trazida em caminhões do Exército Brasileiro, sendo escoltada até Porto Alegre depois de recebida no Porto Seco de Jaguarão, fronteira como Uruguai. A chegada é prevista para a madrugada deste sábado. Parte desses medicamentos também vai para Florianópolis (SC).

Os itens foram adquiridos pelo Ministério da Saúde. A SES deve definir os critérios para a distribuição, conforme as necessidades. “Mesmo que a compra de medicamentos seja de responsabilidade dos hospitais, durante a pandemia do coronavírus, essa compra internacional de emergência se tornou muito necessária”, afirmou a secretária da Saúde, Arita Bergmann.

No início de julho, quando constataram o risco de escassez e falta de medicamentos para utilização nas UTIs diante da dificuldade de aquisição desses medicamentos, os hospitais gaúchos informaram o governo sobre a situação.

Dentre as entidades que alertaram para falta de medicamentos no Estado está a Famurs. “Em 27 de junho, a Famurs e a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Filantrópicos e Religiosos do Rio Grande do Sul, lançaram uma nota em conjunto alertando para a falta dos anestésicos que compõe o kit intubação, afirmando que a demanda pelos medicamentos utilizados nas UTIs destinadas aos pacientes do Covid, nos últimos 3 meses deste ano de 2020, já equivalia à totalidade daquilo utilizado em todo o ano de 2019. Isso foi muito importante, pois criou um sistema de alerta e mobilização em todo o Estado”, destacou o presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen.

Além da carga comprada no Uruguai, o Rio Grande do Sul aguarda o envio de um carregamento disponibilizado pelo próprio MS, ainda sem previsão de entrega. A Secretaria da Saúde também firmou uma parceria com o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e com o Conselho de Secretarias Municipais da Saúde (Cosems) para doação de itens liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que podem ser usados tanto em animais quanto em pessoas.

Durante videoconferência promovida pela Câmara de Deputados, em 13 de julho, com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a secretária Arita frisou: “Nossa maior preocupação neste momento é resolver o desabastecimento de remédios necessários à intubação dos pacientes mais graves da Covid-19″. “Não conseguiremos vencer o coronavírus sem esses medicamentos”, completou.