Ocupação das UTIs avança e Porto Alegre entra na terceira fase de plano de contingência

Nessa etapa, segundo coordenador, se um adulto jovem com apendicite chegar a uma emergência, por exemplo, pode ter dificuldade de acessar um leito hospitalar

Foto: Alina Souza / CP

A ocupação das UTIs adulto por pacientes com a Covid-19 em Porto Alegre extrapolou, nesta sexta-feira, a marca de 255 leitos da segunda fase do plano de contingência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). No começo da noite, havia 263 pessoas internadas em UTIs adulto com diagnóstico positivo do novo coronavírus e 42 com suspeita de infecção, totalizando 305 pacientes relacionados à doença. A SMS destacou que a cidade vivencia a segunda fase do plano, mas que já vêm sendo executadas ações da fase 3.

Dos 748 leitos de UTI adulto, os hospitais tinham 18 bloqueados e 650 ocupados nesta sexta-feira. A taxa de ocupação geral é de 89,04%. Do total de internações, 46,45% envolvem pacientes com sintomas de Covid.

Na segunda fase, a SMS destina 255 leitos para atendimento exclusivo de pacientes com a Covid-19. Na chamada fase 3, o limite sobe para 383. O problema é que, na última etapa do plano de contingência, espaços de emergência e salas de recuperação dos hospitais serão transformados em leitos de UTI.

O coordenador de assistência hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), João Marcelo Fonseca, explica que a demanda segue em ritmo acelerado e que diversos hospitais já vêm ampliando as UTIs. “Leitos que não existiam antes nessa configuração, agora estão sendo adaptados”, enfatiza. Apesar dos esforços para ampliação de leitos, Fonseca salienta que “nenhum lugar do mundo conseguiu passar pela crise da Covid-19 só ampliando capacidade”. “Foi necessário ter a taxa de transmissão reduzida para baixar a curva, não se vence essa batalha somente com a ampliação da capacidade”, assinala.

O aumento da ocupação dos leitos de UTI e a chegada à fase 3 do plano de contingência, segundo Fonseca, marca um momento preocupante. “Não queremos chegar a esse ponto, quando não conseguimos comportar os pacientes dentro das UTIs e acabamos precisando recebê-los nas salas de emergência e de recuperação, vai ser um momento de tensão máxima dentro dos hospitais”, define. Nessa última fase, de acordo com Fonseca, se um adulto jovem com apendicite chegar a uma emergência, por exemplo, pode ter dificuldade de acessar um leito hospitalar.

“Tomara que não aconteça, ainda queremos evitar esse momento de tensão máxima, mas agora mais do que nunca precisamos do distanciamento social”, reforça. A expectativa, conforme projeções da SMS, é de que 383 leitos de UTI adulto estejam ocupados com pacientes Covid-19 nos primeiros dias de agosto. “Temos um pouco mais de 14 dias, o que nos permite ainda baixar essa curva”, lembra.