Vereadores e comerciantes pedem plano para reabertura gradual da economia em Porto Alegre

Reunião virtual da Câmara nesta quinta-feira cobrou mais diálogo com as categorias sobre as restrições

Decreto da Prefeitura restringe atuação de lojistas em Porto Alegre | Foto: Mauro Schaefer/CP
Foto: Mauro Schaefer/CP

Representantes de empresários e trabalhadores do comércio de Porto Alegre defenderam, em reunião virtual da Câmara de Vereadores, nesta quinta-feira, diálogo maior da Prefeitura com as categorias para as decisões sobre restrições ao setor. Além de criticarem o que entendem ter sido o fechamento precipitado das atividades na cidade, comerciantes destacaram os prejuízos na arrecadação do município, o encerramento de postos de trabalho por conta da diminuição da atividade econômica e a necessidade de integrar o comitê de crise do Paço Municipal.

O presidente do Sindicato dos Lojistas de Porto Alegre (Sindilojas), Paulo Kruse, reforçou a importância de manter diálogo com a Prefeitura, mas defendeu relaxamento das medidas para o comércio e alertou que o fechamento do setor vai refletir na arrecadação e nas finanças da cidade. Conforme Kruse, 7 mil postos de trabalho foram fechados em Porto Alegre desde início da pandemia. “Cerca de 20% do comércio da Capital deixou de existir”, destacou, acrescentando que a maior parte do setor – com 15 mil lojistas – é composta por pequenos comerciantes.

Na avaliação do dirigente, a Prefeitura se precipitou ao determinar restrições ao comércio desde o início da pandemia. “Temos muitas lojas fechadas, sem trabalhar, mas temos muito do comércio aberto em Porto Alegre”, alertou. De acordo com o dirigente, a desobediência civil é grande porque o pequeno comércio não consegue ficar fechado.

Kruse admite que o comércio movimenta 600 mil pessoas na cidade, mas entende que os decretos vêm penalizando o setor. “Está sendo excessivo”, completou, lembrando que não é salutar que pessoas trabalhem “na clandestinidade”.

Para o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio (Sindec-RS), falta diálogo da Prefeitura com a categoria desde o começo da pandemia. O presidente do Sindec RS, Nilton Souza Neco, explica que a entidade formou um comitê gestor de crise para debater os problemas do comércio. Neco reforça que a entidade defende isolamento social como ‘única saída para resolver a pandemia’, mas critica os decretos que atingiram apenas o segmento. “O prefeito começou muito bem com o primeiro decreto, mas errou quando elegeu só o comércio como vilão da propagação do vírus e manteve parques abertos na cidade”, compara.

Presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky explica que 70% dos hotéis da cidade fecharam e que o restante opera com capacidade reduzida. Além de destacar que vai ser preciso aprender a conviver com o vírus, Chmelnitsky explica que é necessário encontrar um caminho adequado tanto para a saúde da população quanto para a economia. “Não adianta precipitarmos a reabertura, não vamos ter clientes. Existe um medo coletivo”, considera.

O Sindicato da Habitação (Secovi-RS) avalia que a pandemia é um problema grave, mas que é necessário encontrar alternativas para a retomada das atividades. O presidente do Secovi, Moacyr Schukster, explica que imobiliárias e condomínios também vêm enfrentando problemas. “Temos que procurar uma forma de viver nesse quadro triste da pandemia, mantendo as atividades funcionando, mantendo empregos e os cuidados para a não proliferação dessa pandemia”, justifica.

Vereadores destacaram a importância do funcionamento das atividades econômicas, desde que observados os protocolos de higiene, e reforçaram necessidade de maior aproximação da Prefeitura com o Legislativo. O vereador João Bosco Vaz (PDT), que propôs a reunião, cobra mais transparência. “Até agora só vemos sacrifício da sociedade, não vemos sacrifício do governo, quem gera empregos, impostos, está sem rumo porque o governo não dá um rumo”, disse.

“Economia e saúde não são excludentes uma da outra. Já estamos em julho, e está bem claro que a Covid-19 não é só questão de saúde pelo alcance social, pelos efeitos, é questão econômica, e por suas consequências pode ser uma crise na segurança pública”, defende a vereadora comandante Nádia (DEM). O vereador Valter Nagelstein (PSD) cobrou um plano para reabertura gradual das atividade econômica. “O governo tinha que fazer teste em massa, rastreamento e isolamento de doentes”, observa, acrescentando ainda a importância da aquisição de respiradores e leitos de UTI. “Se tivéssemos mais 150 leitos, não estaríamos em bandeira vermelha”, completa.