Pressão contra produtos brasileiros na Europa ocorre por “manipulação e desconhecimento sobre a Amazônia”, afirma ministra

Teresa Cristina também comentou sobre dificuldades dos agricultores em acessar os créditos do Plano Safra

Tereza Cristina. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse nesta quarta-feira, em entrevista ao programa Bom Dia da Rádio Guaíba, que o Brasil enfrenta dificuldades com países europeus que ainda não conhecem “o verdadeiro tamanho da Amazônia” e afirmou que existem pessoas que manipulam as informações sobre esse bioma. A Amazônia volta ao debate em meio à pressão de investidores para que o Brasil ajuste a política ambiental.

“Existem aqueles que fazem a confusão por desconhecimento e aqueles que usam e manipulam essas informações. Claro que o Brasil incomoda e vem batendo recorde na produção. Nós temos uma agricultura na sua grande maioria sustentável. O Brasil é o único país do mundo que pode, em escala, fazer três safras em uma mesma área. Eles têm lá, assim como nós temos aqui, deputados e senadores que defendem a nossa atividade e lá o lobby é muito forte. A Europa tem tido, nos últimos anos, um parlamento com muitos deputados dedicados a causa verde. Então isso tem incomodado sim o Brasil e temos uma preocupação porque eles estão fazendo movimento internamente contra os produtos brasileiros”, explica.

Na manhã desta quarta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão vai se reunir com ministros do governo federal, em Brasília, para a segunda reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal. Mourão comanda o conselho, criado em fevereiro pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o colegiado avaliará medidas a serem adotadas em relação a diferentes temas, como o reforço do combate ao desmatamento e às queimadas; Fundo Amazônia e a avaliação sobre a retomada de projetos ligados ao fundo que estão parados; além de fiscalização do bioma. Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.

Tereza Cristina comentou ainda sobre a tramitação da lei que trata sobre produtos de defensivos agrícolas. Segundo ela, o assunto vem avançando, mas ainda precisa ser mais discutido. A ministra ressaltou que não existe interferência do Ministério nesse tema e que é um trabalho desenvolvido exclusivamente pelos departamentos técnicos e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Esse é um assunto extremamente técnico e eu como ministra nem fico sabendo e não existe nenhuma interferência do Ministério. Só quando termina o último parecer que volta para o Ministério para pedirmos o registro de tal produto”, afirma.

A ministra da Agricultura também falou sobre a situação dos diversos pedidos de ajuda que a pasta recebeu em relação a estiagem que centenas de municípios gaúchos enfrentaram em 2019. Conforme Tereza, o governo federal já tomou várias medidas e ainda trabalha para liberação de recursos via decretos de emergência para as cidades atingidas. “Várias medidas foram tomadas desde dezembro do ano passado e realmente o Rio Grande do Sul foi muito castigado. Mas a gente sabe que elas nunca serão suficientes para atender os pequenos produtores. O que foi possível a gente fez”.

Plano Safra

O novo Plano Safra, lançado no mês de junho deste ano, foi abordado durante a entrevista. A ministra espera que esse novo modelo, mais robusto, possa atender uma gama maior do setor. O plano safra 2020/2021 contará com R$ 236,3 bilhões em crédito para apoiar a produção agropecuária nacional. Tereza Cristina afirmou que algumas reclamações pontuais na liberação dos recursos estão sendo ajustadas com o Banco Central, mas que nesse momento não há motivo para que os produtores acessem essa linha de financiamiento.

“Eu recebi algumas reclamações e a gente vem trabalhando junto ao Banco Central. Tínhamos pedidos absurdos de documentação e vamos analisar caso a caso. O Plano Safra teve um problema com uma portaria que atrasou um pouco, mas já passou. Hoje não tem nenhum motivo para que os produtores, que possuem direito, não acessem esses créditos”, declara.