Bolsonaro sai em defesa de Pazuello em crise com Gilmar Mendes

Crítica de ministros do STF sobre militares na Saúde culminou em representação junto à PGR protocolada pelo Ministério da Defesa

Foto: Isac Nóbrega / PR / Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) saiu em defesa, nesta quarta-feira, do general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, na crise gerada pela afirmação feita pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Pazuello é um predestinado, nos momentos difíceis sempre está no lugar certo para melhor servir a sua pátria. O nosso Exército se orgulha desse nobre soldado”, escreveu Bolsonaro em redes sociais, sem citar o magistrado da Suprema Corte.

O ministro do STF afirmou, no último sábado, não ser razoável o Exército “se associar ao genocídio” – em referência aos cargos técnicos do Ministério da Saúde ocupados por militares e, por tabela, às políticas adotadas no enfrentamento ao novo coronavírus. Desde que assumiu a pasta, o número de militares chegou a 22. Cerca de 75 mil pessoas morreram de Covid no país até agora, com quase 2 milhões de contaminações.

Bolsonaro contestou a informação. “Quis o destino que o general Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.550 servidores no Ministério, o general levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olímpiadas do Rio”, disse.

A crítica de Mendes sobre os fardados culminou em uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), protocolada na terça-feira pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, Edson Pujol.

A PGR analisa a representação, do tipo notícia de fato (espécie de apuração preliminar), para dar início à tramitação interna. Após a análise, o órgão decide se o caso deve seguir o ser arquivado.

Apesar da representação, o ministro do STF disse respeitar a atuação das Forças Armadas, mas manteve as críticas. “Em um contexto como esse (de crise aguda no número de mortes por Covid-19), a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas”, defendeu.