O Correio do Povo passa a publicar diariamente o Número Efetivo de Reprodução (Rt) do novo coronavírus no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Os números podem ser acessados em uma plataforma do Instituto de Informática (NF) da Ufrgs, que disponibiliza, entre diversos dados, a consulta do Rt de diferentes países, estados e cidades. A Covid-19 Analysis Tools, elaborada pelo INF sob responsabilidade do professor João Comba, envolve 18 pesquisadores, e é alimentada a partir de diversas fontes (ECDC, Brasil.IO, PHAS, NY Times, ISC e PHE).
O Rt varia constantemente e é a métrica utilizada para projetar qual a velocidade de contágio da doença em um lugar. Ele estima para quantas pessoas um indivíduo infectado está transmitindo a Covid-19. O Rt igual ou superior a 1 é sinônimo de que a transmissão da doença, em diferentes graus, segue fora de controle. Rt igual a 1 significa que cada pessoa contaminada está transmitindo para mais uma pessoa, que 10 pessoas transmitem para mais 10, e que 100 pessoas transmitem para mais 100. Quando o Rt é superior a 1, a doença continua se multiplicando.
Assim, por exemplo, um Rt de 1,3 significa que cada pessoa com a doença ativa transmite para mais 1,3, que 10 pessoas contaminadas transmitem para outras 13 e, 100, para mais 130. Quando o Rt é inferior a 1, não há, em tese, expansão da doença, porque, em termos numéricos, cada infectado não chega a contaminar outra pessoa. Nesta quinta, o Rt do Rio Grande do Sul era de 0,92. Já o de Porto Alegre, de 0,51.
A manutenção do Rt abaixo de 1 durante várias semanas é o critério que vem sendo utilizado em diferentes países da Europa e da Ásia para promover as flexibilizações nas políticas de distanciamento social. No RS, com a expansão que a pandemia passou a registrar em junho e a gravidade atingida neste início de julho, a importância da velocidade de transmissão e das medidas eficazes para evitar o contágio, principalmente o distanciamento social, voltaram a ganhar destaque. Porque, por melhor que seja uma estrutura de saúde, é impossível multiplicá-la na mesma proporção de um avanço acelerado do vírus. E porque, em políticas públicas de saúde, prevenir não só custa menos como é bem menos doloroso do que enviar milhares a leitos de UTI.
Uma série de plataformas vem disponibilizando a variação do Rt, em geral por estado e capital. Entre elas, no Brasil, a Covid-19 Analytics, construída por professores da PUC-Rio com participação de pesquisadores da FGV e de uma série de outras instituições. E a desenvolvida pelo professor Flavio Diniz de Figueiredo, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, que submete dados gerados pelo Brasil.IO ao método do CMMID, do Reino Unido. Como os modelos matemáticos são diferentes, as plataformas também exibem variações no Rt, o que não muda a constatação sobre se há tendência de aumento ou queda na velocidade. E, em todos os modelos, podem acontecer variações abruptas do Rt em determinada data, decorrentes do registro de um grande número de casos em um dia.