O aumento recente na demanda por novos leitos de UTI para pacientes com Covid-19 levou hoje a Prefeitura de Porto Alegre a projetar que em 4 de julho, todos os 174 leitos de terapia intensiva destinados a pacientes com a doença estejam ocupados na cidade. No início da noite desta terça, 138 pacientes já diagnosticados com o novo coronavírus eram atendidos em UTIs, além de outros 51 com quadro de suspeita para a doença.
O secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer, adverte que a cidade está em uma fase de aceleração da pandemia e que medidas ainda mais duras terão de ser tomadas caso a situação não se reverta: “É preciso frear, antes que o sistema entre em colapso”, reforçou.
“Devemos atingir o nosso limite administrável dos leitos nas próximas semanas e medidas poderão ser adotadas nos próximos dias para que a gente consiga administrar o sistema de uma forma a não prejudicar o atendimento à população”, ressaltou.
Quando anunciou a suspensão no processo de flexibilização das liberações, no início do mês, o prefeito Nelson Marchezan Jr. projetou para o fim de junho a ocupação de todos os leitos disponíveis para o tratamento do coronavírus. Agora, os dados sugerem que essa data seja a de 4 de julho.
“É algo bastante relevante e temos essa preocupação, foi isso que nos levou a frear, primeiramente já no início de junho, quando programávamos avançar nas flexibilizações. Nas semanas subsequentes, adotamos algumas medidas para restringir atividades novamente, até que precisamos adotar as últimas restrições, mais severas, para de fato frear a circulação”, reiterou Stümer.
Ampliação de testes e maior circulação de pessoas
O aumento do número de casos, que passou de 1.196 em 29 de maio para 3.541, hoje, um crescimento de quase 200, se deve a dois motivos, conforme Stürmer. O primeiro, a maior capacidade de testagem: atualmente, todos os pacientes sintomáticos vêm sendo submetidos ao exame. O segundo motivo, segundo ele, é o avanço da pandemia e a maior circulação de pessoas.
Já sobre a alta no número de óbitos, Stürmer ressaltou que se trata de um dos reflexos do aumento da doença. “Uma pequena proporção das pessoas com a Covid-19 fica em estado grave, parte vai evoluir para óbito, mas é importante ressaltar que não tivemos nenhum óbito por falta de assistência. Os óbitos que tivemos são consequência da gravidade da doença”, enfatizou.
Todos os indicadores, que envolvem casos, óbitos, internações, procura por atendimento de pessoas com síndromes gripais, são analisados diariamente e o comportamento deles, segundo Stürmer, vai balizando a equipe da Prefeitura para a necessidade de adotar, ou não, mais rigidez nas medidas de controle.
“Antes de começar a adotar as restrições, chegamos a ter 34% de distanciamento, com as novas restrições começamos a subir novamente e na segunda-feira tivemos 43,4%. Precisamos que isso chegue a pelo menos 50%, para ter um referencial semelhante aos primeiros dias da pandemia, quando conseguimos frear a transmissão”, exemplificou. “O aumento dos casos é inversamente proporcional ao distanciamento social”, completou.
Novos leitos em meio à escalada
O secretário comentou que as primeiras medidas restritivas dessa nova leva começaram, na prática, no dia 24 de junho e que é preciso um período de 14 dias para avaliar o impacto total da ação. “Mas se vermos que o ritmo segue acelerado, mesmo antes desse intervalo, podemos avançar nas restrições”, garantiu.
Apesar disso, ele ressaltou que segue “em pleno vapor” o plano de contingência da Prefeitura e que, gradualmente, vão sendo instalados novos leitos, acompanhando a evolução da doença. “Justamente para a gente ter condições de atendimento e também para não ficar com estrutura ociosa. Se tivéssemos esses leitos em abril, teríamos uma grande quantidade parada até agora. Precisamos ajustar a abertura de leitos com o avanço da pandemia”, disse.
Ele lembrou, contudo, que para isso há um limite e que, se a pandemia seguir acelerada, em algum momento vai acabar interferindo no funcionamento de todo o sistema.
A situação na noite desta quarta-feira:
Número de leitos operacionais em UTIs: 703
Número de leitos bloqueados em UTIs, por diversas razões: 68
Número de pacientes em UTIs: 580 (ocupação de 82,5%)
Número de leitos em UTIs específicos para a Covid: 174
Número de pacientes em UTIs com a Covid confirmada: 138 (19,63% do total de leitos; 79,3% do total de leitos de Covid)
Número de pacientes em UTIs com suspeita de Covid: 51
Soma de pacientes com sintomas de Covid: 189 (26,88% do total)