Carlos Decotelli deixa Ministério da Educação após falhas no currículo

Nomeação havia sido publicada no dia 25, no Diário Oficial da União. Nesta terça, professor entregou carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Nomeado para o Ministério da Educação, o professor Carlos Decotelli entregou nesta terça-feira a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Decotelli teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira, mas não chegou a tomar posse. A cerimônia havia sido marcada para esta terça-feira, mas já tinha sido adiada.

O nomeado para o Ministério da Educação havia marcado uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta terça, mas cancelou sem informar o motivo – o encontro era avaliado como uma sinalização da permanência de Decotelli na pasta. Em seguida, às 14h30min, se reuniu com Bolsonaro.

Decotelli teve a nomeação articulada pelos ministros militares do Planalto. As incoerências no currículo dele deixaram os ministros constrangidos e Decotelli chegou a alterar os dados na plataforma Lattes após as contestações.

Apesar da perda de apoio, a ala militar teme que a pasta volte a ter um nome ideológico, como era o caso dos ministros anteriores – Ricardo Vélez Rodriguez e Abraham Weintraub.

Incoerências
Bolsonaro anunciou Decotelli para a Educação no dia 25 por meio das redes sociais, destacando os títulos do nomeado: “bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”.

O reitor da Universidade Nacional de Rosario, da Argentina, levantou a primeira divergência, negando que Decotelli tenha obtido o título de doutor.

Em seguida, a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que Decotelli não obteve o título de pós-doutor, apenas que realizou pesquisa de três meses na instituição.

Já a FGV também negou que Decotelli tenha sido professor de qualquer das escolas da fundação – informação que o nomeado colocou no currículo, dizendo ter sido docente da FGV entre 2001 e 2018. A instituição também vai apurar suspeita de plágio em dissertação feita por Decotelli para a conclusão de curso de mestrado.

Decotelli negou que tenha cometido plágio, assumiu que não defendeu a tese de doutorado na Universidade de Rosário, mas que concluiu os créditos do curso. Além disso, explicou que a pesquisa de conclusão na Universidade de Wuppertal está registrada em cartório na cidade alemã.