Nomeado para o Ministério da Educação, o professor Carlos Decotelli entregou nesta terça-feira a carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Decotelli teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira, mas não chegou a tomar posse. A cerimônia havia sido marcada para esta terça-feira, mas já tinha sido adiada.
O nomeado para o Ministério da Educação havia marcado uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta terça, mas cancelou sem informar o motivo – o encontro era avaliado como uma sinalização da permanência de Decotelli na pasta. Em seguida, às 14h30min, se reuniu com Bolsonaro.
Decotelli teve a nomeação articulada pelos ministros militares do Planalto. As incoerências no currículo dele deixaram os ministros constrangidos e Decotelli chegou a alterar os dados na plataforma Lattes após as contestações.
Apesar da perda de apoio, a ala militar teme que a pasta volte a ter um nome ideológico, como era o caso dos ministros anteriores – Ricardo Vélez Rodriguez e Abraham Weintraub.
Incoerências
Bolsonaro anunciou Decotelli para a Educação no dia 25 por meio das redes sociais, destacando os títulos do nomeado: “bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”.
O reitor da Universidade Nacional de Rosario, da Argentina, levantou a primeira divergência, negando que Decotelli tenha obtido o título de doutor.
Em seguida, a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que Decotelli não obteve o título de pós-doutor, apenas que realizou pesquisa de três meses na instituição.
Já a FGV também negou que Decotelli tenha sido professor de qualquer das escolas da fundação – informação que o nomeado colocou no currículo, dizendo ter sido docente da FGV entre 2001 e 2018. A instituição também vai apurar suspeita de plágio em dissertação feita por Decotelli para a conclusão de curso de mestrado.
Decotelli negou que tenha cometido plágio, assumiu que não defendeu a tese de doutorado na Universidade de Rosário, mas que concluiu os créditos do curso. Além disso, explicou que a pesquisa de conclusão na Universidade de Wuppertal está registrada em cartório na cidade alemã.