Além da escassez de leitos, Canoas pode enfrentar “falta de medicamentos” para tratamento da Covid-19

Secretário de Saúde de Canoas, Fernando Ritter, afirma que baixa de profissionais na linha de frente no combate a pandemia é outra preocupação

Foto: Alina Souza/CP

O secretário da Saúde de Canoas, Fernando Ritter, reiterou nesta segunda-feira, em entrevista ao programa Direto ao Ponto da Rádio Guaíba, que a cidade da Região Metropolitana enfrenta um momento “nada agradável e extremamente preocupante” com relação à escassez de leitos e de medicamentos para o tratamento da Covid-19. Atualizando os dados divulgados no fim de semana pela prefeitura, Ritter afirmou que, nas últimas horas, houve um salto significativo no número de atendimentos na cidade.

Nesse domingo (29), o prefeito Luiz Carlos Busato escreveu no seu Twitter que a cidade “atende 5 mil pessoas por dia – além dos canoenses, gaúchos de mais de 150 municípios. Com todos, tenho a responsabilidade de ser realista e transparente. A previsão de uma situação ainda mais aguda, infelizmente, está se confirmando”.

O aumento significativo nos atendimentos nas duas última semanas, está relacionado ao relaxamento da população em relação ao isolamento social. “As pessoas já estão há mais de 90 dias em casa, logo, as pessoas começaram a burlar o isolamento para visitar a família. Esse é um comportamento típico do brasileiro, somos muito ligados às nossas famílias”, exemplificou Fernando.

Diferentemente de Porto Alegre, desde o início da pandemia do Covid-19, Canoas optou pela construção de hospitais de campanha para evitar um colapso no seu sistema de saúde. A cidade possui três hospitais, sendo um de pronto-atendimento, que recebe os mais diversos casos não Covid-19, e outro universitário que já teve uma baixa de 20% nos seus profissionais por causa da doença. “O objetivo dessa ação foi aumentar rapidamente o número de leitos e ainda separar as pessoas com a suspeita ou confirmação do coronavírus dos outros pacientes com outras comorbidades”, afirmou o secretário de saúde.

“Infelizmente, ainda não sabemos como essa doença se comporta” e o que é relatado nos hospitais é que as “pessoas que chegam ao hospital com um estado estável, após 4 horas de atendimento, antes mesmo que se peça uma internação ou uma solicitação para realocação, os pacientes vem a óbito”. Com o auxílio do Governo Federal e ainda do governo do Rio Grande do Sul, Canoas conta atualmente com 87 leitos de UTI, um aumento de 20 novas unidades de atendimento.

Canoas já tomou medidas mais drásticas em relação à fiscalização nos últimos dias. Outra ação divulgada foi a suspensão das cirurgias eletivas a partir de hoje. O secretário Fernando Ritter garantiu que a decisão foi para “diminuir o número de pessoas que circulam nos hospitais” e ainda em decorrência da “falta de medicamentos, como anestésico e sedativos” no tratamento específico do coronavírus. “Temos que diminuir a circulação nos ambientes hospitalares e UPAs porque hoje não existe melhor maneira de conter o vírus do que as medidas de suspensão da circulação”, finalizou.