Caso Rafael: Mãe relata, em depoimento, que ‘não sabia como contar’ sobre morte ao irmão

Alexandra Dougokenski disse à polícia que filho morreu após tomar duas doses de remédio e que escondeu corpo

Foto: Arquivo pessoal / Reprodução

A Record TV teve acesso ao vídeo do depoimento de Alexandra Dougokenski, mãe do menino Rafael Mateus Winkes, de 11 anos, que admitiu ter matado o próprio filho, em Planalto, no Norte do Rio Grande do Sul.

No depoimento informal dado à Polícia Civil, Alexandra contou o que aconteceu com Rafael na noite de 14 de maio. Depois desse depoimento, em 25 de maio, ela levou os policiais até o local onde tinha escondido o corpo do filho.

Alexandra revelou ainda que escondeu o corpo de Rafael porque não sabia como contar o ocorrido para o outro filho, Anderson.

Veja trechos do depoimento de Alexandra:

“Eu dei remédio para ele dormir… Diazepan, dois, na casa da minha mãe.”

“Só sabia que era um remédio para dormir mesmo.”

“Ele estava diferente, com a boquinha roxa e as mãozinhas geladas. Não lembro a hora certa, era madrugada.”

“Eu não conseguia tirar ele. Eu amarrei ele para conseguir melhor com uma cordinha. Dei a volta. Sim, garagem da casa. Uma caixa. Coloquei ele deitadinho lá.”

“Eu sei que o Anderson ia achar falta do irmão e eu não sabia como contar. Sim, pensei no sofrimento do Anderson.”

Mãe vai depor novamente

Após a mãe contar à polícia que havia dado remédio ao menino, um laudo apontou estrangulamento como causa da morte. Alexandra segue presa temporariamente e teve, a detenção prorrogada por mais 30 dias no presídio feminino de Guaíba.

Ela presta novo depoimento, em Porto Alegre, neste sábado. Os advogados mantêm a tese de que Rafael morreu horas depois de ela dar o remédio a ele. No dia 18 de junho, os policiais fizeram a reconstituição da morte do menino.

Alexandra já apresentou versões contraditórias sobre o crime que, até então, era considerado um homicídio culposo. O caso passa a ser enquadrado como homicídio doloso qualificado após o laudo apontar que a criança morreu vítima de asfixia.

Rafael desapareceu no dia 15 de maio em Planalto, onde vivia com a mãe e o irmão. O município contabiliza cerca de 10 mil habitantes.

Alexandra procurou o Conselho Tutelar alegando que, quando acordou, pela manhã, não encontrou o menino no quarto. A Polícia só soube do desaparecimento no dia seguinte.

O sumiço de Rafael, considerada uma criança tranquila e querida no bairro, movimentou a vizinhança. A mãe chegou até a falar com a Record TV para pedir ajuda na localização do filho. Dias depois, ela confessou o crime.

O chefe da Polícia Metropolitana, Joerberth Nunes, estranhou a riqueza de detalhes passada pela mãe ao comunicar o desaparecimento do filho.

Rafael teve o corpo localizado dez dias após o suposto desaparecimento, dentro de uma caixa de papelão, enrolado em um lençol, na garagem de uma casa abandonada com um pedaço de corda de varal enrolado no pescoço. A casa fica a menos de cinco metros do local onde ele vivia. A polícia só chegou até o endereço após a confissão da mão.

Inicialmente, Alexandra afirmou que o filho ficou nervoso e agitado, pelo suposto excesso de uso do celular, em jogos online, e que ela deu uma quantia excessiva de calmantes.

De acordo com ela, a morte do filho não passou de um acidente. Mas a frieza de Alexandra no depoimento chamou a atenção da polícia.

O laudo do Instituto Geral de Perícias revelou que Rafael morreu asfixiado por meio de esganadura, ou seja, estrangulamento. Durante a perícia, foram também encontrados vestígios de sangue na casa onde ele vivia, e no carro da família.

Em entrevista, o delegado Ercílio Carletti afirmou que o motivo da morte ainda não se esclareceu, “até porque tudo indicava que ela era uma boa mãe, cuidava dele e do outro filho”. “Mesmo que ela tenha dado o medicamento, a morte se deu por asfixia, o que indica um homicídio doloso qualificado”, explica.

Vizinhos afirmaram que tanto Rafael quanto o irmão sempre foram tranquilos e que também nunca presenciaram nenhum tipo de briga entre eles ou das crianças com a mãe.

O pai de Rafael, Rodrigo Winques, é separado de Alexandra e mora em Bento Gonçalves, na Serra. Ele ficou chocado ao saber da morte do filho. “Vamos esperar que a Justiça seja feita”, ressaltou.

Muito abalada, a avó de Rafael e mãe de Alexandra, Isaílde Batista, ressaltou que o neto era uma “criança tranquila e muito querida”. Segundo ela, “ele era o filho que todo mundo queria ter e amado por todos”. E revelou que ficou desesperada ao descobrir que o crime havia sido cometido pela filha: “Chegar até esse ponto? Pelo amor de Deus! Uma mãe fazer isso com o filho, uma criança indefesa, isso não existe”.