Levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostra que a taxa de ocupação dos 2.089 leitos de UTI adulto, até a tarde desta quinta-feira era de 71,5%. Entre os 1.494 pacientes internados em UTI adulto no Rio Grande do Sul, 297 tinham diagnóstico positivo da Covid-19 e 144 eram considerados suspeitos – ou seja, as internações em leitos de UTI adulto relacionadas ao novo coronavírus (441) equivaliam a 29,51% do total. O percentual médio de ocupação no RS se manteve estável de 10 a 25 de junho, oscilando entre 68,5% e 72,9%.
Em uma transmissão virtual realizada na tarde desta quinta, o governador Eduardo Leite ressaltou que “é real o que está acontecendo”. Sobre a estabilidade na taxa de ocupação das UTIs, Leite ressaltou que isso não significa que um número menor de pacientes esteja se internando, mas sim que houve “esforço de ampliação da capacidade”.
“A ocupação continua nesse patamar porque estamos ampliando a oferta de leitos. Até o início do mês tínhamos cerca de 15% desses pacientes sendo de coronavírus ou suspeitos, agora estamos com quase 30%, ou seja, praticamente um terço dos pacientes internados em UTIs, neste momento, é suspeito ou confirmado para o novo coronavírus”, assinalou.
O governador ainda comentou que, no dia 1º de junho, eram 156 pacientes confirmados internados em UTIs no RS, número que subiu para 297. A região de Porto Alegre, conforme o governador, é uma das mais preocupantes, que saiu de uma média de 40 confirmados em UTIs para 124. “Praticamente triplicou o número de pacientes internados em UTIs na região de Porto Alegre, então pedimos mais uma vez apoio e participação no respeito ao distanciamento para evitar medidas ainda mais restritivas”, destacou.
Além de ter apresentado os dados, o governador reiterou a ampliação da rede pública hospitalar. “Já ampliamos 624 leitos de UTI SUS adulto em vários municípios, antes da pandemia eram 933 e fomos fazendo a ampliação ao longo desse período. Já temos 1.590 leitos e vamos chegar a mais de 1,6 mil nos próximos dias, já são 70% de incremento de leitos e ainda estamos encaminhando novas habilitações e projetamos chegar até 1,9 mil leitos de UTI SUS, o que significa um incremento de mais de 103% na estrutura”, assinalou.
O governo se organizou, conforme Leite, e usou esses três meses, desde que começaram os primeiros casos no Rio Grande do Sul, para estruturar o sistema hospitalar. “Não é apenas sobre o distanciamento a nossa política de enfrentamento à pandemia, mas precisamos dele para ter o tempo de estruturação desse sistema. Se não tivéssemos feito esse incremento de leitos, já estaríamos beirando agora a taxa de 100% de ocupação”, comentou.
Nos próximos dias, segundo ele, pelo menos mais 33 leitos devem ser habilitados, para que se possa garantir atendimento a todos que precisem. “Leito não é só cama e respirador, é equipe, medicamento, é uma estrutura complexa de se colocar em funcionamento e estamos, com muito esforço, viabilizando o aumento”, afirmou.
O governador ainda ressaltou que as estruturas de atendimento vêm sendo reforçadas mas admitiu que, se a velocidade da disseminação do vírus se acelerar, não vai ser possível acompanhar. “Nós ampliamos a disponibilidade de leitos, mas se houver maior disseminação, não vai haver estrutura suficiente, nenhum lugar do mundo conseguiu fazer estruturação de sistema hospitalar em velocidade e estrutura suficientes para atender toda a demanda gerada pela Covid-19 sem a restrição de circulação de pessoas que ajudasse a diminuir a demanda”, reiterou.
A coordenadora do Comitê de Dados do Rio Grande do Sul, Leany Lemos reiterou que um dos pontos que considera mais importante é que, mesmo com o aumento das internações por pacientes com a Covid-19 em leitos de UTI, nenhum paciente, até hoje, morreu por falta de atendimento. “Devemos continuar olhando os dados, nos preparando e nos conscientizando para lutar contra essa pandemia. Agora é mais importante do que nunca, quando entramos no pico das semanas epidemiológicas”, assinalou.
Conforme Leany, as próximas quatro semanas serão aquelas em que, historicamente, há um número maior de doenças respiratórias no Rio Grande do Sul. “A Covid-19 veio para ampliar essa situação, então é muito importante que a gente tenha essa consciência e que esse modelo (do distanciamento controlado) seja de todos, para que tenhamos o bem da coletividade, cada um de nós fazendo sua parte”, declarou.