Pandemia avança e estabilização não se confirma no Brasil, admite Ministério da Saúde

Virologista altera para alta de infecções no RS

Foto: Alina Souza/CP

O Ministério da Saúde reconheceu nesta quarta-feira que a expectativa de uma possível estabilização das curvas de casos e óbitos pela Covid-19, que havia sido indicada pela pasta na semana passada, não se confirmou entre a 24ª e a 25ª semanas epidemiológicas de monitoramento.

Segundo Arnaldo Correia, secretário de Vigilância em Saúde, a pandemia do novo coronavírus continua avançando de forma “significativa” no Brasil. O país, segundo em número de mortes e casos em todo o mundo, acumula 53.830 óbitos e 1.188.631 contaminados desde o início da crise sanitária.

“A gente vê que nesta semana tivemos um aumento significativo de casos novos, entre as semanas 24 e 25”, disse o secretário, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília.

Em relação aos óbitos, a tendência de crescimento também é observada pelo representante do Ministério da Saúde. No entanto, Correia ressaltou que a “inclinação” já é menos “agressiva” quando comparada com os indicadores de novas ocorrências da doença.

“Até a semana 24 parecia que havia um platô, vamos assim dizer, um platô com relação ao crescimento do número de óbitos, mas houve um aumento entre as semanas 24 e 25. Quando você compara os números de casos novos com o crescimento e o número de óbitos, a gente verifica que foi, graças a Deus, e a todo esforço de todos os profissionais, muito menor em termos de inclinação, de agressividade”, completou.

Virologista altera para alta no RS

O número de óbitos até o momento, conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), Fernando Spilki, infelizmente está dentro do esperado. “Se olhamos para a curva em ascensão como estamos tendo, lamentavelmente os números estão dentro do que poderíamos esperar desde o momento que começa o aumento da pandemia a partir da primeira e da segunda semana de maio. Ali tínhamos um número bem menor, mas como a tendência é termos uma progressão de ordem decimal, a cada mês temos notado isso no Brasil, mas agora começamos a perceber isso aqui no Estado também, infelizmente”, afirmou.

Conforme Spilki, também é preciso levar em consideração que o estado conta com um sistema de saúde ainda em condições de prestar assistência aos pacientes e, assim, evitar um número ainda maior de mortes. “Isso é fundamental, sem dúvidas. No caso de um colapso, é possível que o número de óbitos seja ainda mais expressivo”, reforçou. De março pra cá, segundo ele, houve uma alteração significativa na adesão da população ao distanciamento social: “Talvez tenhamos conseguido no início e isso ajudou a achatar um pouco a curva, mas depois tivemos liberação e as pessoas foram deixando isso de lado, foi o que acabou nos levando a esse quadro. Essa epidemia local é muito extensa se comparada com outros locais do mundo”, assinalou.

Em diversos países, de acordo com Spilki, os protocolos adotados demonstraram um fechamento praticamente total, o mais rápido possível, e que levaram a duas ou três semanas de bloqueio efetivo de todas as atividades. “Quando se viu estabilização, foram acompanhando os casos nesse período e quando era possível observar um processo mais estável da transmissão, foram abrindo algumas atividades, e só quando a curva efetivamente entrou em declínio, começaram uma abertura mais ampla”, exemplificou.