Essenciais para a sociedade, os servidores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) fazem parte das categorias que estão na linha de frente do enfrentamento à pandemia. Enquanto os profissionais da saúde lidam diretamente com os infectados pela Covid-19, os servidores da agricultura atuam para garantir o abastecimento e a inocuidade dos alimentos. Neste contexto, a atividade dos fiscais estaduais agropecuários é fundamental para a soberania e segurança alimentar. A categoria é responsável pela inspeção e fiscalização da produção de origem animal e vegetal em todas as etapas. Apesar das condições precárias de trabalho e da falta de valorização da função, os servidores do Departamento de Defesa Agropecuária permanecem em atividade, demonstrando seu compromisso com o serviço público.
A função de fiscal estadual agropecuária é desempenhada por médicos veterinários e por engenheiros agrônomos e florestais. Atualmente, a Seapdr tem 292 fiscais estaduais agropecuários, sendo 223 servidores da área animal e 69 da área vegetal. “O nosso trabalho é essencial para garantir alimentos seguros e de qualidade à população, principalmente em um momento de pandemia”, avalia o presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro), Pablo Fagundes Ataide. Aproveitando o Dia do Fiscal Estadual Agropecuário, comemorado na próxima quinta-feira (25/6) – a data foi instituída pela Assembleia Legislativa do RS em 2014, o dirigente ressalta que sem o olhar atento do fiscal agropecuário os consumidores não teriam uma garantia sobre a qualidade e a procedência dos alimentos, podendo ser um risco para a saúde.
São inúmeras as atribuições dos fiscais estaduais agropecuários e todos estão expostos ao coronavírus no seu dia a dia de trabalho. Por conta da rotina de contato direto com pessoas, alguns servidores da categoria já apresentaram sintomas e testaram positivo para a doença. É o caso do fiscal estadual agropecuário Samuel Dias, que atua na inspetoria de defesa agropecuária do município de Farroupilha, na Serra. Juntamente com outros dois colegas, o servidor é responsável pela supervisão de 12 frigoríficos de bovinos, aves, suínos e ovinos. A equipe também atua na inspeção de 27 laticínios, fábricas de embutidos e granjas de ovos, ou seja, ao longo da semana percorrem, em média, cinco estabelecimentos. “A gente sabe que o nosso trabalho é importante e que precisamos manter o abastecimento”, afirma Samuel. Ao longo do mês, o servidor visita, em média, de 15 a 20 estabelecimentos nos municípios da região.
O servidor sentiu os primeiros sintomas – dor de cabeça, tosse e dor de garganta – no início de junho. Foi ao médico e cumpriu a recomendação do isolamento social. Dez dias depois, fez teste rápido em um posto de saúde do município e confirmou a suspeita. Esta realidade mostra a situação de vulnerabilidade dos servidores desta área, cujo trabalho implica em contato permanente com muitas pessoas, incluindo produtores rurais e trabalhadores da indústria da alimentação. Apesar do cenário preocupante, a Seapdr não testou os servidores e não tem um protocolo para seguir quando há confirmação de um caso positivo para Covid-19. Até o momento, há pelo menos quatro casos de servidores da agricultura positivos para o coronavírus nos municípios de São Sepé, Farroupilha, Palmeira das Missões e Cruz Alta. Destes, três são fiscais estaduais agropecuários.