A reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Pellanda, esclareceu que não é necessariamente a falta de materiais e equipamentos de proteção individuais (EPIs) para os profissionais da saúde a causa do aumento do contágio de Covid-19 nos hospitais. Em entrevista ao Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, na manhã desta terça-feira, Lúcia explicou que “as pessoas que não sabem que têm o vírus e procuram as unidades de saúde, não tomam as medidas necessárias para evitar o contágio”. Essa ação gera uma falta de controle da doença dentro desses locais.
A imunidade dos profissionais, que em sua maioria está sobrecarregada com os cuidados dos internados em UTIs em decorrência do coronavírus, está baixa, por isso, estão mais suscetíveis ao contágio da doença. “Os profissionais não param de trabalhar. Eles não conseguem nem ir ao banheiro porque não podem tirar seus EPIs”, relata.
A reitora lamenta que a população não compreenda que “quando saímos, vamos ao churrasco na casa de um familiar ou a uma festa na casa de um amigo, estamos fechando o comércio e, assim, prejudicando os pequenos comércios e, logo, os microempreendedores”.
A médica viralizou nas redes sociais ao postar um desabafo sobre o que iremos viver nas próximas semanas no Rio Grande do Sul se não mudarmos nossas atitudes. “O que a gente faz ontem, hoje e amanhã, muda os protocolos de segurança (como a suspensão das atividades de comércio) e o comportamento da doença (o aumento do contágio), porque assim nós conseguimos atrasar a doença e controlar ela”, afirmou.
PEDIDO EM MAIÚSCULAS
POR FAVOR, NUNCA PEDI NADA
Até agora, eu evitei falar que “as próximas semanas são críticas” por vários motivos:
1. Todas as semanas de uma pandemia são críticas, e todas exigem o maior cuidado que pudermos dar— Lucia Pellanda (@lupellanda) June 20, 2020
“No Rio Grande do Sul estávamos vivendo uma situação mais tranquila porque as pessoas estavam engajadas, isoladas. Agora, como elas não viram a doença materializada, estão afrouxando as suas medidas de segurança”, lamentou.
A incerteza sobre a doença, infelizmente, não garante que quem já tenha sido infectado pelo coronavírus está livre de um segundo contágio. “Pelo que sabemos hoje, dependendo do vírus, a segunda vez que a pessoa adquire a doença pode ser ainda pior”. O Brasil teve tempo para criar mais capacidades nos leitos e conseguiu aumentar sua estrutura hospitalar, mas o quadro da doença muda muito rapidamente.
As orientações da especialista ainda são “higienizar sempre as mãos, com álcool em gel ou sabão, sempre que tocar uma superfície, o constante uso da máscara e, o mais importante, ficar em casa. Quanto mais as pessoas estão expostas, mais elas pegam o vírus”, finalizou.