A coordenadora do Comitê de Dados sobre a pandemia de Covid Leany Lemos negou, nesta terça-feira, que a mudança na metodologia do programa de distanciamento controlado que autoriza prefeitos gaúchos a aderirem a regramentos da bandeira laranja em áreas classificadas com a cor vermelha tenha decorrido de pressão política sobre o governo estadual. Para que isso ocorra, a cidade deve completar 14 dias sem internações e mortes em razão do novo coronavírus. O governador Eduardo Leite anunciou ontem a alteração.
Ao advertir que existem cenários distintos dentro do Rio Grande do Sul, Leany Lemos disse que o sistema pode voltar a ser alterado à medida em que a pandemia segue avançando. Responsável por desenvolver o projeto implementado, a coordenadora explica, ainda, que a plataforma é uma ferramenta da sociedade, e não do governo.
“Não existe um Rio Grande do Sul de Covid, existem vários. São municípios geralmente pequenos, sem nenhum caso de internação e óbito, controlando bem a pandemia, mesmo que estejam em uma área vermelha. Acho que a alteração foi boa porque ela é transversal. Quando você manda um foguete para a lua, você o lança várias vezes até chegar a um momento de acerto. Esta é a metáfora para este momento”, sintetizou. Leany Lemos falou hoje para o programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.
Das 81 cidades que compõem as quatro regiões sob bandeira vermelha, há 37 sem registro de hospitalizações e óbitos pela Covid-19 nos últimos 14 dias. Nesses locais, caso os prefeitos queiram, poderão adotar medidas estabelecidas na bandeira laranja.
Leany Lemos ainda mencionou que a plataforma busca encontrar um equilíbrio entre políticas extremadas, liberando a economia e provocando o colapso do sistema de saúde, e o chamado lockdown, que controla bem a disseminação do vírus, mas atinge em cheio a atividade produtiva.