Após publicação de novo decreto da Prefeitura de Porto Alegre, que restringe as atividades comerciais no município, a imprevisibilidade no planejamento para os comerciantes e lojistas deve gerar graves prejuízos no setor. O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, lamenta que “os lojistas não sabem como será o amanhã”, pois são sempre “surpreendidos, de uma hora para outra, com novas medidas”.
Em entrevista na manhã desta segunda-feira ao programa Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, Kruse justificou que “as contas dos lojistas e empresários não param” e que ações como o fechamento do comércio levarão a um “quadro futuro de muito desemprego e fechamento definitivo de algumas lojas”. “Nós paramos de vender 60 dias, abrimos 20 dias e voltaremos a fechar pelos próximos 15 dias no mínimo”, esclareceu.
O presidente garante que “a industria não produz se o comércio não vende” e que “as empresas não trabalham com capital de giro, mas com um planejamento específico”. Até junho, o setor comercializou apenas 50% do que era esperado. Paulo Kruse afirma que o deslocamento dos profissionais que atuam no comércio não pode ser a única causa do aumento de 223% de movimentação nas ruas após flexibilizações. “Um único setor não pode ser culpado por tudo. É um ação conjunta com a sociedade. Não são somente os shoppings que geram aglomeração”, afirmou.
Para a categoria, “é bastante difícil compreender o que está acontecendo”, já que comércio estava preparado para atender os clientes dentro de rígidos protocolos de segurança. “Não tinha movimentação ou aglomeração”, por exemplo, nos shoppings centers, segundo o presidente. Para o comércio de rua, os prejuízos são ainda maiores porque “os grandes, que vendem pela internet, se adaptam e os pequenos, infelizmente, fecham seus estabelecimentos”.
A suspensão das atividades econômicas não essenciais poderá gerar também graves reflexos no recolhimento de impostos. “A arrecadação de impostos poderá ser prejudicada e até os servidores podem ser impactados, pois irão receber com atraso”, manifestou. O Sindilojas pretende cobrar uma explicação da Prefeitura de Porto Alegre e já buscou auxílio da Câmara de Vereadores.