Retorno do futebol seria “um ato inconsequente”, afirma prefeita de Pelotas

Gestora também lamentou as duas primeiras mortes da região em decorrência da Covid-19

Prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas. Foto: Michel Corvello / PMP / Divulgação / CP

A cidade de Pelotas registrou, no início da manhã desta segunda-feira (22), a segunda morte em decorrência da Covid-19. A prefeita Paula Mascarenhas lamentou a situação da região que, até sexta-feira, não havia registrado óbitos relacionados ao coronavírus. Hoje, faleceu o médico do Brasil de Pelotas, José Raymundo, de 70 anos. Ele estava internado no Hospital Moinhos de Vento, na Capital, há 85 dias.

O trabalho de combate à pandemia em Pelotas começou no dia 19 de março, com a suspensão total das atividades do comércio, e teve sua primeira flexibilização apenas no dia 23 de abril. “A razão do sucesso no combate ao coronavírus foi mantermos restritas muitas atividades e saber o momento de fazer as primeiras flexibilizações. Nós compreendemos que, após 3 meses, é difícil manter-se em casa”, salientou Paula, durante entrevista ao programa Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, na manhã de hoje. A gestora também destacou que a adesão da população ao isolamento foi essencial.

As flexibilizações do comércio começaram com tempo reduzido no funcionamento das lojas, novos protocolos de segurança individual e o uso obrigatório de máscaras. “Exigimos comprometimento da população e ficamos muitos felizes em ver todos, no dia seguinte à flexibilização, usando máscaras”, observou a prefeita. Serviços como salões de beleza e academias estão funcionando com protocolos rígidos de segurança. Os shoppings e galerias comerciais funcionam com apenas 30% da sua capacidade total de ocupação.

As atividades esportivas em duplas, previstas para serem liberadas nesta semana, não irão mais acontecer por causa da mudança da bandeira da região. A postura dos clubes de futebol foi elogiada. O Brasil de Pelotas e o Esporte Clube de Pelotas decidiram suspender suas atividades de treinamento. Para a prefeita, o retorno do futebol seria “um ato inconsequente” neste momento.

De acordo com Paula Mascarenhas, o ideal seria esperar um cenário melhor, porque “se as equipes saírem da nossa região, elas estarão se arriscando” e poderão ser agentes de contaminação no retorno, já que os “testes não são totalmente confiáveis”. “Um atleta que pode infectar outros em uma partida vai levar o vírus para sua região. O futebol é um esporte de contato, não tem jeito. É muito difícil ter um controle absoluto da situação dos atletas”, relatou.

Outras ações também foram realizadas na região, como a separação dos atendimentos comuns e os suspeitos de coronavírus. “Os hospitais que cuidam apenas da Covid-19 passaram por obras para agilizar o atendimento e proteger os profissionais que trabalham nessas instituições”, esclareceu a prefeita.

Pelotas criou também uma central de teleatendimento para auxílio de pacientes com suspeita da doença e ainda ampliou as ações de blitze para fiscalizar as entradas e saídas da cidade. “Nas estradas do Laranjal há a realização de diversas blitze para criar um transtorno neste deslocamento. Em pesquisa, mais de 51% da população (em Pelotas) disse que só sai por necessidade, não fica passeando”, ressaltou.

Pelotas não vai recorrer da sua classificação no mapa do Distanciamento Controlado do Estado. A prefeita afirma que “não é possível contestar o incontestável”. Conforme Paula, o aumento recente do contágio regional é “o princípio de precaução que deve nos guiar” e que “se contestarmos, cai por terra o modelo do Estado”.

Na região, seis pessoas estão internadas e quatro desses casos confirmaram Covid-19. O prognóstico da prefeita para o futuro é que “haverá uma mudança de vida completa, mas que temos como justificativa, neste momento, salvar vidas”. Paula Mascarenhas finalizou dizendo que é necessário “o engajamento e preocupação coletiva, afinal, poucas gerações viveram uma crise como essa”.