Hospital de Clínicas e Conceição recebem 57% dos doentes com Covid-19 em Porto Alegre

Os dois centros de saúde têm 126 leitos destinados ao tratamento da doença

Foto: Divulgação/GHC

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) são as instituições que recebem os pacientes mais graves da Covid-19 na Capital. As internações entre os dois hospitais de referência da cidade somam 57,28% daquelas relacionadas ao novo coronavírus e o trabalho não para. Desde o final de semana, o Clínicas conta com cinco novos leitos de CTI, totalizando 51 dedicados à doença. No GHC, são 75 disponíveis.

“A realidade de dentro do Clínicas é de muito comprometimento. As pessoas não conseguem visualizar o que está por trás do número de leitos e de casos do ponto de vista do cuidado, da demanda, do envolvimento com os pacientes”, conta a presidente do HCPA, Nadine Clausell.

Segundo ela, novos profissionais chegarão para ajudar no combate à Covid-19. “Nas últimas semanas nos preparamos para contratar mais pessoas, mas a questão é o número suficiente para atender pacientes que precisam de ventilação mecânica prolongada ou hemodiálise. Os profissionais que estamos contratando para as vagas liberadas precisam ser capacitados em meio à pandemia”, diz a cardiologista e também professora de Medicina.

Nadine lembra daqueles profissionais que saem da linha de combate porque se contaminam. “Ao contrário do que se pensa, a maioria dos nexos causais acontecem na comunidade, no convívio familiar, e não no hospital”, acrescenta, lamentando o fato de pacientes não Covid terem seu atendimento restrito. “Ou por medo destes pacientes ou pé no freio dos hospitais. Estas consultas reduziram em 60%. Os transplantes foram praticamente abolidos no mundo todo”. O HCPA recebe pacientes de Porto Alegre e também de fora. “Sempre acolhendo psicologicamente as famílias e também nossos colaboradores”, completa.

Já o diretor-presidente no Grupo Hospitalar Conceição, Cláudio Oliveira, recordou que, desde janeiro, equipes técnicas se debruçam sobre os protocolos da doença. “Em fevereiro, tivemos os treinamentos e, em março, a Covid-19 já estava aí. Não fomos pegos de surpresa”, conta.

O GHC precisou contratar funcionários temporários. “Tínhamos quase mil funcionários afastados por diversos motivos e mão de obra é essencial. Além do hospital, temos a UPA Moacyr Scliar, na zona Norte, que recebe muitos pacientes. E 12 unidades básicas de saúde, que tiveram papel fundamental”, explicou.

Pela central de triagem criada especificamente para atender pacientes com síndromes respiratórias, mais de 4,5 mil já passaram. “Atualmente, dos 56 pacientes confirmados, temos 27 em leitos de UTI por Covid-19 e 11 suspeitos”, informou Oliveira.