O prefeito Nelson Marchezan Jr. participou, na tarde desta quarta, de uma videoconferência com especialistas e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), do Hospital de Clínicas e equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para avaliar o cenário atual, projeções e estratégias para conter a disseminação do novo coronavírus. Segundo os profissionais, o risco de colapso da rede de saúde da cidade é real e o momento é de avançar nas restrições para evitar que falte atendimento adequado à população.
“Não vamos aceitar que pessoas venham a falecer por falta de leitos de UTI”, enfatizou o prefeito. Marchezan apresentou a situação epidemiológica da cidade e reforçou que, desde o início da pandemia, a prefeitura optou por tomar decisões baseadas na velocidade de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva.
No início da noite desta quarta, havia 506 leitos de UTI ocupados em Porto Alegre, 82,5% do total, de 612. Desses, 81 (13%) envolvem pacientes com a Covid-19 confirmada – um número recorde desde o início da pandemia.
“Não desejamos chegar ao lockdown e, por isso, estamos tomando medidas para diminuir a circulação de pessoas. São medidas tristes, mas necessárias”, reiterou Marchezan.
A diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Nadine Clausell, ressalta a necessidade de que a população entenda o papel que lhe cabe e faça o distanciamento social. “O vírus é agressivo e o impacto, muito grande. Além de ficarem muito tempo em UTI, os pacientes contaminados com o novo coronavírus exigem muito da estrutura hospitalar”, explica.
Nadine enfatiza, ainda, que atualmente 50 profissionais do hospital se mantêm afastados do trabalho devido à doença, e que alguns foram contaminados comunitariamente. “Não temos equipe e é muito difícil conseguir profissionais. O hospital está abrindo chamamento para voluntários”, completa.
O epidemiologista e professor de Medicina da Ufrgs Bruce Duncan frisou que, embora medidas individuais de prevenção funcionem, “precisamos mais do que isso”. “Precisamos de medidas populacionais [de contenção]. Os países que realmente controlaram o coronavírus, como a Nova Zelândia, também tiveram fortes medidas nesse sentido”.
O também professor da universidade Álvaro Krüger Ramos considera que as medidas adotadas até agora foram eficientes do ponto de vista de controle da situação, lembrando que Porto Alegre é a quarta capital com o menor número de óbitos do Brasil. De acordo com Ramos, porém, a colaboração da sociedade, evitando aglomerações e adotando medidas de higiene, é fundamental para frear a proliferação do vírus. “Sem isso não vamos conseguir barrar a doença”, completa.