Copom baixa taxa Selic para 2,25% ao ano

Redução dos juros é compatível com os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus, avaliou o Banco Central

Copom avalia nova redução da Selic a partir de hoje./ Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Banco Central (BC) diminuiu, pela oitava vez consecutiva, os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 2,25% ao ano, com corte de 0,75 ponto percentual.

A decisão era esperada pelo mercado financeiro. Segundo a pesquisa Focus do BC dessa semana, a maior parte dos agentes econômicos previa redução dos juros básicos para o patamar de 2,25%.

Em comunicado, o BC informou que a redução dos juros decidida nas últimas reuniões é compatível com os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus e que, para as próximas reuniões, pode haver um “ajuste residual” no estímulo monetário. No entanto, a manutenção da taxa em patamares reduzidos, no médio prazo, vai depender da trajetória dos gastos do governo no ano que vem, tendo em vista os altos investimentos em recursos para conter os efeitos da pandemia.

Com a decisão desta quarta, a Selic atinge o menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.

Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos 12 meses terminados em março, o indicador fechou em 3,3%, o menor resultado acumulado em 12 meses desde outubro do ano passado.

A inflação, que tinha subido no fim do ano passado por causa da alta da carne e do dólar, agora deve cair mais que o previsto por causa das interrupções da produção e do consumo provocadas pela pandemia da Covid-19.

Para 2020, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não pode superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 é fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque o juro menor barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação, o BC previa crescimento zero para a economia em 2020. No entanto, a previsão ocorreu antes do agravamento da crise provocada pelo coronavírus.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito, estimulando a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, porém, o Copom enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços não correm risco de subir.