O novo decreto do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., restringe parcialmente a atuação dos shoppings centers em Porto Alegre. Na sexta-feira (12), foi anunciado em live, que os locais seriam totalmente fechados, mas, após conversas com entidades do varejo e comércio nesse domingo (14), o prefeito voltou atrás na decisão. Agora, apenas as lojas de empresas com faturamento acima de R$ 400 mil mensais não poderão abrir suas portas. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) foi uma das entidades que se manifestou contra a primeira ideia do decreto.
Glauco Humai, presidente da Abrasce, conversou com o prefeito de Porto Alegre e ainda enviou uma carta para Nelson Marchezan Júnior. “Sou um defensor radical do diálogo e do entendimento entre as partes”, garantiu. Humai, em entrevista na manhã desta segunda-feira ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, afirmou que esses problemas de comunicação e incertezas nas decisões dos gestores “causam estresse desnecessário” em um momento “extremamente complexo” no qual vivemos. “Chegamos ao momento que não é mais possível deixar a economia parada. O cenário perfeito seria manter todos em casa, mas isso não pode acontecer”, garantiu.
Ainda sobre o entendimento de que a economia e a saúde são assuntos conflitantes, o presidente acredita que a ideia é “falaciosa, pois não existe dicotomia entre saúde e economia”. “O governo precisa instituir políticas públicas mais intensas em relação ao comércio”, destacou Glauco. Na visão do presidente da Abrasce, o poder público deve avaliar o que deu certo e o que não funcionou e, assim, “rever e reforçar medidas e protocolos para reabrir com cautela, serenidade e organização”.
A Abrasce já investiu R$ 3 bilhões para evitar o fechamento de lojas, mas criticou as políticas públicas federais em relação ao enfreamento da Covid-19. “Menos de 10% (dos empresários) conseguiram acessar as políticas do governo”, revelou Humai. As taxas de juros muito altas e a burocracia foram alguns dos empecilhos relatados. Os problemas na distribuição dos valores e benefícios prejudicaram, principalmente, os pequenos lojistas.
“Infelizmente, os setores que mais se prepararam, como os shoppings, vão pagar pelos outros que não estão tomando as medidas necessárias”, opinou o presidente da Abrasce. Segundo ele, os “ajustes devem ocorrer conforme a evolução do quadro” porque haveria um prejuízo ainda maior em um período pequeno de atividade seguido pelo retrocesso com um novo fechamento. “A judicialização com dívidas já será muito grande após a pandemia”, ressaltou Humai.
O novo lema da instituição foi definido como “higienização total e aglomeração zero”. Glauco garante que “não é momento para recuperar os 80 dias de prejuízo”. No Brasil, 400 shoppings estão abertos. No estado de Santa Catarina, os shoppings já estão há 50 dias sem o registro no aumento de números de óbitos ou contágio relacionados ao serviço. “No momento, os shoppings têm se mostrado mais efetivos que o comércio de rua no controle de clientes”, finalizou.