Marchezan divulga ajustes em decreto que restringe parte do comércio em Porto Alegre

Com previsão de publicação para esta segunda-feira, restrições valerão a partir de terça 

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Um dia antes da entrada em vigor de medidas mais restritivas ao comércio e ao distanciamento social em Porto Alegre, o prefeito Nelson Marchezan Júnior convocou uma coletiva de imprensa, na noite deste domingo, para anunciar ajustes ao decreto que retrocede em  algumas flexibilizações adotadas pelo Executivo frente à pandemia. As novas medidas devem passar a valer a partir de terça.

Hoje, a Capital alcançou a marca de 53 óbitos por coronavírus e mais de 2,1 mil pessoas infectados pelo vírus, dentre as quais 838 já foram consideradas recuperadas da doença.

Com previsão para ser publicado no Diário Oficial de Porto Alegre nesta segunda-feira, o decreto vai restringir o funcionamento presencial apenas aos comércios e atividades cujo faturamento seja igual ou superior a R$ 400 mil/mês – na sexta-feira, o prefeito havia dito que esse valor era de R$ 360 mil/mês.

A excepcionalidade da regra vai ser aplicada apenas aos serviços considerados essenciais, serviços de tecnologia (chips, consertos de computadores e assistências) e àqueles ligados a assistência de automóveis, esclareceu.

Já o horário de funcionamento de bares e restaurantes passa a ser limitado até as 22h – e não 23h, como se previa. O novo decreto também vai suspender a oferta presencial na área de serviços em Porto Alegre, exceto os considerados essenciais, os serviços públicos e os de contabilidade, por conta do prazo para declaração do Imposto de Renda.

A publicação do documento, no entanto, segundo o prefeito Nelson Marchezan, só vai ocorrer após uma reunião com o Comitê Técnico de Enfrentamento ao Coronavírus, marcado para a manhã desta segunda.

Os ajustes ao decreto foram apresentados tendo como embasamento o cenário epidemiológico atual da metrópole e a projeção, levando em consideração os números atuais, de cenários para a ocupação de leitos de UTIs para os próximos dias do mês de junho.

O boletim deste domingo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apontou que Porto Alegre soma 110 pessoas internadas em leitos de UTI entre aquelas com diagnóstico confirmado e suspeito para Covid-190.

“Nos últimos 12 dias, nós tivemos um crescimento que projeta uma ocupação de 174 leitos extras de UTI no dia 30 de junho”, apontou Marchezan.

Porto Alegre estável por dois meses
“A última decisão de ampliar a flexibilização foi no dia 20 de maio. Ampliou a circulação e a contaminação de pessoas. Nós estamos retornando do cenário do dia 20 de maio ao cenário do dia 5 de maio”, explicou Marchezan, ao não descartar que “outras decisões” restritivas poderão ser tomadas na cidade. Segundo o prefeito, até semana passada Porto Alegre tinha o “controle da contaminação”, quando a velocidade de ocupação de leitos por pacientes com coronavírus permanecia “estabilizada desde 10 de abril”.

A taxa média de ocupação de UTIs era de 77,29% na tarde deste domingo. No entanto, os hospitais Cristo Redentor, Fêmina e Restinga tinham ocupação de 100%. O quadro deve atenuar com a abertura de novos leitos, no Hospital Independência, do módulo Covid HI, nesta segunda-feira, com 60 leitos e atendimento 100% SUS.

Marchezan mostrou-se especialmente preocupado com o elevado número de enfermos oriundos de Alvorada, Viamão, Guaíba e Novo Hamburgo internados em unidades de tratamento intensivo da cidade. Ele sinalizou que vem conversando com membros do governo do Estado para tratar do tema junto às demais prefeituras da região.

Praças e parques seguirão abertos
O prefeito ainda descartou qualquer possibilidade de privar a população do uso do transporte público e dos espaços públicos de lazer da cidade, como a Redenção e a Orla do Guaíba. “Nós temos um lugar que é seguro: que é ficar em casa, não sair e não receber ninguém. O segundo lugar mais seguro é ao livre, isso nos leva a não fechar”, justificou. Em relação aos ônibus, ele disse que o governo municipal estuda hoje alternativas para o controle de contaminação no transporte coletivo.