Após ato com fogos, Toffoli repudia ameaças ao STF e pede responsabilização

Presidente da Corte lembra que manifestações vêm sendo "reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado"

Foto: Rosinei Coutinho/ABr/SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, repudiou neste domingo o grupo de manifestantes que lançou fogos de artifício em direção ao prédio da Corte na noite de sábado em Brasília.

“O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo sua missão”, afirmou Toffoli.

“Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus ministros e da democracia brasileira”, acrescentou.

Na noite desse sábado, manifestantes bolsonaristas retirados de um acampamento montado na Esplanada dos Ministérios causou tumulto e aglomeração, desrespeitando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), enquanto faziam disparos de fogos de artifício em direção ao prédio do STF, na praça dos Três Poderes.

As cenas foram descritas por Toffolli como “mais um ataque ao STF, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas”.

“Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos – Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira”, afirmou.

Responsabilização penal

Toffoli também solicitou, no fim da tarde deste domingo, responsabilização penal de Renan da Silva Sena, identificado com um dos autores do ataque que lançou fogos de artifício contra o prédio da Corte.

“Solicito a vossa excelência as providências necessárias à apuração para responsabilização penal daquele (s) que deu/deram causa direta ou indiretamente, inclusive por meio de financiamento, dos ataques e ameaças dirigidas ao STF e ao Estado Democrático de Direito, na noite de ontem, inclusive com a utilização de artefatos explosivos”, cita o documento.

Toffoli entrou com representação contra Renan da Silva Sena pelos ataques, inclusive por postagens em redes sociais, “bem como todos os demais participantes e financiadores, inclusive por eventual organização criminosa, os quais ficam desde logo representados, devendo-se ser adotadas as necessárias providências para a investigação e persecução penal”.

O pedido de Toffoli chegou ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, ao diretor-geral da Polícia Federal e ao secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

Não é o primeiro ataque

O ataque ao prédio do STF não é o primeiro feito por Renan da Silva Sena. Ele é o autor de agressões contra enfermeiros que faziam uma manifestação em 1º de maio, na praça dos Três Poderes, em Brasília.

Sena era funcionário do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Após o ataque à profissional de saúde, a pasta anunciou que ele não fazia mais parte da equipe de prestadores de serviços terceirizados, e informou que ele era “assistente técnico administrativo na Coordenação-Geral de Assuntos Socioeducativos”.

No 1º de maio, enfermeiros e demais profissionais da saúde se reuniam em um ato em homenagem aos trabalhadores da linha de frente no combate à Covid-19 e destacando a importância do isolamento social. Imagens divulgadas nas redes sociais exibem o omento em que Sena hostiliza parte do grupo de manifestantes.

Outro lado

A reportagem do R7 não conseguiu contato com Renan da Silva Sena. O espaço está aberto para manifestação.