Maia defende que Bolsonaro termine mandato

Para o presidente da Câmara, governo não desrespeita as instituições, embora haja "sinalização dúbia"

Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Com mais de 40 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro na gaveta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse hoje ser favorável a que o chefe de Estado termine o mandato. Para o presidente da Câmara, é preciso comprimir o processo democrático que elegeu Bolsonaro.

“Única coisa que ele (Bolsonaro) precisa é respeitar as instituições democráticas do sistema que levou ele à presidência da República. Só esse cuidado que precisa ter”, afirmou. Em entrevista à jornalista Leda Nagle, Maia afirmou que é preciso priorizar o combate à pandemia em detrimento de conflitos políticos, que devem ficar para “um segundo momento”. As informações foram compiladas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“O impeachment é um julgamento político, não é um julgamento jurídico”, disse o presidente da Câmara. E, apesar de Bolsonaro ter comparecido a manifestações com apelos antidemocráticos, que pediam o fechamento do Congresso, por exemplo, Maia opinou que o presidente não desrespeita as instituições. Ele, contudo, concorda que a presença de Bolsonaro nesses atos é uma “sinalização muito ruim”.

“Ele (Bolsonaro) está respeitando as instituições. Na vocalização, às vezes ele dá uma sinalização dúbia, mas na prática de forma nenhuma desrespeita as instituições”, ponderou.

Articulação
O presidente da Câmara destacou ainda que Bolsonaro abdicou de uma articulação com o Parlamento, no início da gestão. Na falta de uma base do governo, segundo Maia, o Parlamento se obrigou a organizar a pauta da Casa. Maia citou como exemplo a aprovação do orçamento impositivo.

Para o deputado, é importante ter “um sistema que aumente a responsabilidade do Parlamento”. Ele opinou também que, na recente aproximação do governo com o Centrão, embasada na troca de cargos por apoio, faltou transparência. “Faltou, nessa aproximação, uma reunião do presidente com os líderes e presidentes desses partidos para informar a sociedade de forma transparente”, acrescentou.