Sindisaúde acredita que indicadores do RS podem estar equivocados

Presidente do sindicato garante que o estado ainda "não viveu o pior da pandemia" e que o número de infectados pelo Covid-19 irá aumentar nos próximos dois meses

Foto: Reprodução / Facebook do Sindisaúde-RS

O Rio Grande do Sul está entrando em um período sazonal em que aumenta a incidência das doenças respiratórias entre a população. O fato, segundo o Sindisaúde-RS, irá gerar um aumento significativo no número de casos de Covid-19 nos próximos dois meses. O presidente da entidade, Júlio Jesien, afirmou que não era o momento para flexibilizar as medidas no Estado e na Capital. “(O governador) Eduardo Leite e o (prefeito) Nelson Marchezan Jr. vinham fazendo certo, mas cederam as pressões da economia”. E agora, “não teremos leitos de CTI para atender a todos”.

Em entrevista na manhã desta segunda-feira (08) ao programa Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, Jesien criticou os indicadores do governo estadual que definem a gravidade da Covid-19 nas regiões. “Os indicadores não estão certos, mas não é porque o governo não quer divulgar os dados reais, mas porque o sistema de notificação ainda é precário no interior em muitos hospitais”, afirmou esclareceu.

O sindicalista também lamentou as mortes dos profissionais da saúde no Rio Grande do Sul. “É lamentável mais uma morte”, afirmou Julio sobre o falecimento recente de um colega do Hospital de Clínicas.

O Sindisaúde-RS informa à categoria, com enorme tristeza, o falecimento do nosso colega técnico de enfermagem Abel da…

Posted by Sindisaúde – RS on Friday, 5 June 2020

Recentemente, o sindicato esteve envolvido em manifestações contra as condições precárias de trabalho dos profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia. A falta de equipamentos de proteção individual é um agravante no número de contágios dentro dos hospitais. “A maneira que o vírus circula no ambiente hospitalar é muito delicada e perigosa”, esclarece o presidente que destaca a “grande destruição do sistema psicológico” aos médicos e enfermeiros.

Foto: Reprodução / Site do Sindisaúde-RS

“Eu estou há 70 dias sem dar abraço em meus filhos, isso acontece com todos os profissionais da saúde que estão na linha de frente”, relatou. “Os protocolos de segurança dão conta até certo ponto do contágio, mas sempre existirá a possibilidade de contaminar alguém”.

Julio Jesien e sua esposa tiveram a doença e passaram pelo período de isolamento juntos. “Os primeiros oito dias foram horríveis. Tivemos um descontrole total do organismo. O corpo trabalha para fazer os anticorpos e o organismo fica muito prejudicado”, relatou. Jesien, em determinado momento, questionou “qual o momento que vou morrer?” ao afirmar que os maiores prejuízos da doença são os psicológicos. O casal está isolado em casa há 64 dias.