Em depoimento escrito à PF, Weintraub ataca Partido Comunista Chinês

Ministro da Educação afirmou que publicação acusada de racismo era crítica a "ditadura comunista que despreza os princípios da democracia liberal", e não ao povo do País

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, atacou o Partido Comunista Chinês em documento entregue à Polícia Federal, nesta quinta, no inquérito que apura suposto crime de racismo. Segundo o ministro, as publicações questionadas na investigação eram críticas ao governo chinês, uma ‘ditadura comunista que despreza os princípios que regem uma democracia liberal’, e não ao povo do País. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“Não é possível que se afirme que a postagem se dirigiu a um povo. […] O povo brasileiro tem representantes eleitos, que formalmente agem em seu nome. O povo chinês não tem nada parecido, infelizmente. O que quer que o PCC (Partido Comunista Chinês) faça não pode ser tido como expressão da vontade popular chinesa, uma ditadura comunista de partido único que despreza os princípios que regem uma democracia liberal e o Estado de Direito, campeã de violações aos direitos humanos, o que inclui até mesmo genocídio em décadas passadas”, escreveu Weintraub.

O ministro é investigado por racismo após publicar um tuíte em que insinuou que a China vai sair ‘fortalecida da crise causada pelo coronavírus, apoiada por ‘aliados no Brasil’. A publicação usou uma imagem de personagens da Turma da Mônica ambientada na Muralha da China e substituiu a letra “r” pelo “l”, para fazer referência ao modo de falar do personagem Cebolinha, o que os chineses viram como insulto.

No depoimento, Weintraub não respondeu às perguntas dos policias, entregando uma declaração por escrito. O ministro disse que a imputação de crime decorre de ‘interpretação extensiva’ baseada em ‘sensibilidades de determinados grupos sociais’ e disse que o uso da linguagem e da imagem dos personagens de quadrinhos deu ‘humor’ à publicação, cujo objetivo era questionar o papel do Partido Comunista Chinês na pandemia de coronavírus.

“Não se pode imputar um crime nessas circunstâncias, sob pena de se revogar um princípio e direito maior constitucional, que é a liberdade de expressão”, escreveu o ministro, que negou ter praticado racismo com a postagem. “Onde está a discriminação ou preconceito? Há apenas referência a um governo”.

O pedido de investigação partiu do vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros. Após a manifestação de Weintraub, a Embaixada da China no Brasil repudiou a publicação.