Comissão de Ética da Presidência proíbe Moro de advogar por seis meses

Ex-ministro segue recebendo salário durante o período

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu, nesta terça-feira, proibir que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, advogue por um período de seis meses. Ele, no entanto, segue autorizado a dar aulas e escrever artigos para a imprensa. No período em que durar a proibição, Moro permanece recebendo o salário de R$ 31 mil, pago a integrantes do primeiro escalão. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Na semana passada, o conselho já havia determinado uma quarentena para o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o impedindo de atuar na iniciativa privada por seis meses. No período, o salário de ministro segue sendo pago. Mandetta recorreu da decisão. Ele quer atuar em palestras e consultoria. O pedido de reconsideração entrou na pauta de hoje da Comissão de Ética, mas houve pedido de vista, adiando a decisão.

O impedimento de exercer atividades profissionais, imposto a ex-ministros, se justifica pelo fato de eles terem tido informações privilegiadas no governo. Moro e Mandetta deixaram o governo rompidos com o presidente Jair Bolsonaro em abril. Os dois passaram a ser vistos como adversários políticos de Bolsonaro, inclusive com chances de entrarem em uma disputa eleitoral em 2022.

Em 24 de abril, o ex-ministro da Justiça pediu demissão e acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. A acusação virou alvo de um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode implicar o presidente em crime de responsabilidade.

Já Mandetta deixou o governo em 16 de abril após resistir à interferência do presidente sobre as medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus, como o uso amplo da cloroquina, contrariando pesquisas científicas, e o fim do isolamento social.