Ciro Gomes diz que Bolsonaro tem “formação fascista”

Ciro Gomes (PDT) afirmou que Bolsonaro age como "cachorro acuado" e intensifica ataques às instituições por ter a família sob investigações

Ciro Gomes concedeu entrevista à Rádio Guaíba nesta terça (02) | Foto: Divulgação
Ciro Gomes concedeu entrevista à Rádio Guaíba nesta terça (02) | Foto: Divulgação

Candidato à presidência da República em 2018, Ciro Gomes (PDT) comentou as últimas ações do governo federal. As declarações foram feitas nesta terça-feira, em entrevista ao programa Direto ao Ponto da Rádio Guaíba. O ex-governador do Ceará é signatário de um pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido). Mesmo enxergando motivos para o impedimento do presidente, o ex-ministro vê dificuldades na concretização da medida. Gomes cita como barreiras o apoio da maioria do Congresso e de 30% da sociedade ao governo.

O político cearense criticou o apoio do presidente a manifestações inconstitucionais que pedem o fechamento de instituições, como o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. “O Bolsonaro é de formação fascista. O Bolsonaro como tenente do Exército brasileiro defendeu colocar bombas, num ato terrorista, para exigir aumento de salário. Portanto, já desde sua juventude, Bolsonaro tem uma formação violenta. Ele não acredita na pressão democrática, no entrechoque do diálogo entre diferentes”, sustentou Ciro Gomes.

Críticas ao PT

Nos últimos dias, o debate sobre os temos ‘fascismo’ e ‘antifascismo’ dominou a pauta a partir das manifestações de apoiadores e críticos de Bolsonaro. Apesar de dizer que o presidente tem formação autoritária, Ciro Gomes faz ressalvas sobre a inclinação da sociedade ao fascismo.

O trabalhista disse respeitar nomes do PT gaúcho, como os ex-governadores Tarso Genro e Olívio Dutra, o ex-prefeito Raul Pont e o deputado Henrique Fontana. No entanto, Ciro criticou parte do petismo, que chamaria ‘fascista’ todos os eleitores de Bolsonaro. “Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso deram 70% dos votos, no segundo turno, ao Bolsonaro. E agora essa burocracia corrompida do PT fica chamando o nosso povo, na conta de 70%, de ‘fascista'”, observou. “Isso que eu chamo de separar o joio do trigo. Eu sei que tem fascista no Brasil, eu estou cansado de saber. Mas isso é 10%, 12%”, completou Gomes.

Fake news

Ciro Gomes ainda denunciou a máquina de fake news em torno do bolsonarismo. Aliados do presidente são investigados por financiar a rede de desinformação. Para o ex-governador, Jair Bolsonaro está acuado diante do cerco dos inquéritos contra seus filhos. “Hoje ele é uma espécie de cachorro acuado. Ele está vendo que o inquérito do Ministério Público do Rio de Janeiro vai alcançar os filhos dele, esse Flávio Bolsonaro. Não só na roubalheira do dinheiro público dos gabinetes, no famoso escândalo da rachadinha, mas muito mais grave o envolvimento com o banditismo explícito das milícias”, acusou. “Por essa razão, é que ele ele [Jair Bolsonaro] está levantando a voz e incitando a população contra as instituições”, completou Ciro Gomes.

Ciro Gomes está lançando o livro Projeto Nacional – O Dever da Esperança. O político defendeu a candidatura da deputada estadual Juliana Brizola, também do PDT, à Prefeitura de Porto Alegre nas eleições deste ano. O ex-governador mencionou apoiar o ex-deputado  federal Beto Albuquerque (PSB). Os socialistas podem indicar um vice para Brizola na Capital gaúcha caso o PDT apoie a candidatura de Márcio França em São Paulo.


Ouça a íntegra da entrevista de Ciro Gomes à Guaíba: