Salles nega culpa por impactos de fala em reunião: “Erro foi de quem divulgou”

Ministro do Meio Ambiente afirmou que ao mencionar o termo "boiada", referia-se ao "custo Brasil"

Ministro Ricardo Salles. Foto: Lucas Rivas

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reafirmou que, ao mencionar o termo “boiada” em reunião ministerial, em 22 de abril, ele se referia ao “custo Brasil”. Em entrevista à Rádio Eldorado (SP), divulgada nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de S.Paulo, Salles atribuiu um eventual impacto negativo do discurso a “quem o divulgou” – mas sem citar nominalmente o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou público, em 22 de maio, o vídeo da reunião.

“Essas declarações foram em uma reunião fechada, entre ministros que conhecem o assunto. Portanto, dá para ser direto, sem explicação. Não se faz essa declaração esperando uma divulgação. Se teve erro, o erro foi de quem divulgou o conteúdo de uma reunião interna”, disse Salles.

Durante a reunião ministerial, Salles defendeu aproveitar a “oportunidade” da crise, uma vez que a imprensa está toda focada na cobertura da pandemia, para passar reformas infralegais de regulamentação e simplificação, as quais se referiu como “boiada”.

“Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de Covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, afirmou.

De acordo com o ministro, a declaração não se referia a normas ambientais e à Amazônia, e sim à “desburocratização” dos sistemas de todos os setores econômicos, para facilitar a vida dos pequenos, médios e grandes empreendedores. Salles disse, ainda, acreditar que a repercussão do discurso no exterior atrapalhe, mas sem trazer maiores problemas ao País.

“Muitas vezes, essa pressão que vem do exterior é fomentada por quem tem interesses aqui no Brasil. Infelizmente atrapalha, mas não acho que vamos ter problemas adicionais, porque há questão comercial envolvida, de competitividade. Somos um País que faz as coisas direito, com um código florestal que nenhum país no mundo tem”, acrescentou.

Fundo Amazônia
O ministro do Meio Ambiente também prestou esclarecimentos sobre a saída da presidência do Fundo Amazônia, órgão financiado por Alemanha e Noruega suspenso desde o ano passado. Na retomada, anunciada na última quinta-feira, o comando passou a ser do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB).

Salles garantiu que o pedido partiu dele próprio, e nada teve a ver com uma possível imagem negativa associada ao nome nos países financiadores. “Fui eu que sugeri ao Mourão, já que ele, como presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, teria coincidência de ações e de medidas. Seria algo positivo, ele aceitou, e acho que é importante”.