Efeito Covid: RS perdeu quase 75 mil empregos em abril

Economia gaúcha fechou o quadrimestre com o corte de 53.122 postos de trabalho, resultado impulsionado pelos números do mês passado

Foto: Guilherme Almeida/CP

Afetada pela pandemia de coronavírus, a economia gaúcha encerrou o mês de abril com 35.280 contratações e 109.966 demissões. O saldo é negativo em 74.686 vagas de trabalho com carteira assinada – o quarto pior resultado do país. Os dados foram divulgados hoje pelo Ministério da Economia. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que apenas São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram desempenho ainda pior. Em todo o País, foram eliminados 860.603 empregos no mercado de trabalho formal.

Quando analisados os dados de março e abril, o país eliminou 1,1 milhão de vagas, conforme o Caged. Já no acumulado dos primeiros quatro meses do ano, a economia brasileira demitiu 763.232 pessoas a mais do que contratou. O Rio Grande do Sul, que até março vinha acumulado saldo positivo, fechou o quadrimestre com o corte de 53.122 postos de trabalho, resultado impulsionado pelos números de abril. Foram 344.173 contratados e 399.295 demitidos desde o início do ano.

O Caged revela, ainda, que abril teve o pior resultado nacional para o mês desde o início da série histórica, que começou em 1992. Foram os primeiros “retratos oficiais” do impacto da pandemia de coronavírus no mercado de trabalho, o que leva economistas a projetarem para este ano o fechamento de até 3,5 milhões de empregos – mais do que o total perdido na crise de 2015 e 2016, quando o saldo líquido acumulado nos dois anos ficou negativo em cerca de 2,8 milhões.

O secretário de Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, Bruno Dalcolmo, lembrou que é preciso considerar que, em outras crises, os efeitos negativos no emprego foram percebidos de forma mais lenta, diferentemente da pandemia. “Essa crise se diferencia não pela profundidade, mas pela velocidade. A retração econômica que em outras crises levou meses para acontecer, nesta aconteceu em semanas”, disse.

Já o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, avaliou que o “copo está meio cheio” e que empregos vêm sendo preservados com medidas como suspensão de contratos e redução de jornada e salários, que já atingem mais de 8 milhões de pessoas.

“Desemprego não é algo para comemorar, a preservação de empregos sim. O copo está meio cheio, estamos preservando emprego e renda”, afirmou. “O Brasil está conseguindo preservar empregos, mas não manter nível de contratação”, considera.

Bianco avaliou, também, que o impacto do coronavírus é, até momento, menor do que o visto em outros países, como os Estados Unidos.