Primeiro estudo nacional de coronavírus estima número de casos sete vezes maior no Brasil

Taxa de imunização detectada em 90 cidades é de apenas 1,4%, mostra pesquisa da Universidade Federal de Pelotas

Foto: Ricardo Giusti/CP

Pesquisa nacional da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para rastrear a imunidade dos brasileiros ao novo coronavírus revela que a proporção de pessoas com anticorpos é de apenas 1,4%. A taxa pode variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro. Foram testados 25.025 moradores de 90 municípios, incluindo 21 capitais. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

A população desses municípios corresponde a 25,6% do total de brasileiros, entre as quais 760 mil (margem de erro de 705 mil a 867 mil) podem ter se infectado. O número é sete vezes maior do que o das estatísticas oficiais nessas localidades.

“Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”, dizem os pesquisadores do grupo.

O estudo teve financiamento do Ministério da Saúde e a coleta de dados ficou a cargo da Ibope Inteligência. Há ainda grandes diferenças entre os municípios. Em Breves (no Pará, um dos estados mais atingidos pela pandemia), a taxa obtida chegou a 24,8% enquanto no Rio, o indicador ficou em 2,2%. Na cidade de São Paulo, é de 3,1%.

Estudo semelhante já havia sido feito na capital paulista, identificando índice de imunização de 5,2%. Esse trabalho vem sendo desenvolvido por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com apoio do Instituto Semeia e participação de profissionais do Laboratório Fleury e Ibope Inteligência.

Cientistas sugerem que o índice de infectados deva ser de ao menos 60% para que ocorra a chamada imunidade de rebanho na população, reduzindo o avanço do surto.