Novo protocolo para cloroquina sai nesta quarta, antecipa Bolsonaro

Medicamento deve ser usado no início do tratamento da Covid-19

Foto: Alan Santos / PR / Divulgação / CP

O presidente Jair Bolsonaro antecipou hoje que o Ministério da Saúde vai publicar, nesta quarta-feira, o novo protocolo para o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina em pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. Bolsonaro deu a declaração em entrevista para o blogueiro e jornalista Magno Martins, de Pernambuco.

“Amanhã cedo, o ministro da Saúde vai assinar o novo protocolo da cloroquina. O último protocolo era de 31 de março, permitia a cloroquina apenas em casos graves. E agora não, esse novo protocolo é a partir dos primeiros sintomas. Quem não quiser tomar não toma”, afirmou.

No fim de março, o Ministério da Saúde incluiu nos protocolos a sugestão de uso da cloroquina em pacientes hospitalizados com gravidade média e alta, mas mantendo a norma corrente na medicina de que cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância ao paciente. A pasta também distribuiu ao menos 3,4 milhões de doses do medicamento para os sistemas estaduais de saúde.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não recomenda o uso da droga, mas autorizou a prescrição em situações específicas, inclusive em casos leves, a critério do médico e em decisão compartilhada com o paciente.

Novo ministro

Sobre a indicação de um novo ministro da Saúde, Bolsonaro disse não ter pressa e elogiou o interino na pasta, o general Eduardo Pazuello.

“Por enquanto, deixa lá o general Pazuello, está indo muito bem, uma pessoa inteligente. É um gestor de primeira linha, graças a ele tivemos a Olimpíada do Rio de Janeiro. Ele foi o coordenador da Operação Acolhida, do pessoal que vem da Venezuela”, destacou.

Bolsonaro disse também que mantém laços de amizade com o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich. “Gosto dele (Teich), estou quase apaixonado por ele”, brincou. Segundo o presidente, o ex-ministro segue ligando para Pazuello e dando “dicas sem aparecer”.

General do Exército, Pazuello passou a ocupar o segundo cargo mais alto da hierarquia ministerial no último dia 22, após Nelson Teich assumir o ministério no lugar de Luiz Henrique Mandetta e deixar o cargo em pouco menos de um mês.

Especialista em Logística, o militar coordenou as tropas do Exército durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, além da Operação Acolhida, que presta assistência aos imigrantes venezuelanos que cruzaram a fronteira de Roraima fugindo da crise política e econômica no país vizinho.

Vazamento

Bolsonaro ainda comentou a entrevista dada à revista Época pelo empresário Paulo Marinho, ex-aliado e suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Marinho disse que o filho mais velho do presidente, então deputado federal no Rio, ficou sabendo, de antemão, que uma operação da PF, deflagrada no fim de 2018, envolvia funcionários dele. A informação, segundo Marinho, chegou de um delegado da PF simpatizante do projeto político da família Bolsonaro. O empresário citou ainda, ter ouvido a informação do próprio Flávio Bolsonaro. “Vai ter de provar quem foi o delegado que vazou”, disse o presidente.

Intervenção militar

Bolsonaro também falou sobre atos promovidos pelos apoiadores dele, em fins de semana. O presidente afirmou ter visto “amadurecimento” nesses grupos, que deixaram de pedir a reedição do AI-5, e garantiu que não concorda com os pedidos de intervenção militar. “Meu sentimento é que o pessoal está amadurecendo cada vez mais, (no último domingo) não teve nenhuma faixa que atentasse contra a democracia”, reiterou.

O presidente ainda defendeu o golpe de 1964 e disse nunca ter ouvido falar em “ditadura com rodízio de ditadores”. “Tivemos cinco generais eleitos, até o Paulo Maluf concorreu”, afirmou.

Segundo Bolsonaro, “grande parte do jornalistas são de esquerda e não conseguem entender a história”. “Nunca buscamos o controle social da mídia como houve no passado. Ele (Lula) tentou várias vezes, inclusive agora a gente ouve gente peso pesado do PT falando que erraram em não controlar as mídias lá atrás”, completou o presidente.

Volta do futebol

Durante a entrevista, o presidente também comentou que recebeu mais cedo, no Palácio do Planalto, os dirigentes do Flamengo e do Vasco da Gama, clubes que defendem a volta do futebol no país, paralisado em função da pandemia do novo coronavírus. Estiveram com Bolsonaro os presidentes do Flamengo, Rodolfo Landim, e do Vasco, Alexandre Campello, entre outros integrantes dos clubes.

“Eu conversei com a cúpula do Flamengo, hoje, e tinha também o presidente do Vasco da Gama. Eles querem voltar a jogar futebol. Então, conversamos com o Ministério da Saúde, para ter um protocolo para abrir, ter um certo regramento, começa sem ninguém na arquibancada”, afirmou o presidente.