Maioria da população ainda não contraiu anticorpos contra Covid-19, adverte OMS

Declarações do diretor-geral, Tedros Adhanom, foram feitas durante a abertura da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, evento anual que acontece sempre em maio, em Genebra, na Suíça

Foto: Divulgação/WHO

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou hoje que estudos recentes mostraram que, mesmo nas regiões mais afetadas pelo novo coronavírus, a proporção da população com anticorpos não supera os 20% e, na maior parte dos lugares, está em menos de 10%.

“Em outras palavras, a maioria da população do mundo segue em uma situação de suscetibilidade em relação ao vírus. O risco segue elevado e ainda nos resta um longo caminho a percorrer”, reforçou.

As declarações de Adhanom foram feitas durante a abertura da 73ª Assembleia Mundial da Saúde (World Health Assembly – WHA, sigla em inglês), evento anual que acontece sempre em maio, em Genebra, na Suíça.

“Como se pratica o distanciamento social quando se vive em lares superlotados? Como alguém fica em casa quando precisa trabalhar para dar de comer à sua família? Como fazer a higiene das mãos quando não há água limpa?”, questiona Adhanom. Para ele, alguns países vêm tendo sucesso ao evitar a transmissão comunitária disseminada, enquanto outros ainda vivem a pior fase e, ainda, há os que estejam avaliando como flexibilizar as restrições para retomar a economia.

Segundo Adhanom, a OMS compreende plenamente e respeita o desejo dos países de retomar as atividades, mas alerta que “é precisamente porque queremos a recuperação mundial mais rápida possível, que instamos os países que sejam cautelosos. Países que avançarem com muita rapidez, sem ter estabelecido uma base sólida de saúde pública adequada para detectar e suprir a transmissão, correm um sério risco de afetar a sua própria recuperação”, completou.

Adhanom salienta que, há seis meses, era inimaginável ver grandes cidades paradas e temer ameaça de um simples aperto de mão. Ele recorda que, em menos de seis meses, a pandemia deu a volta ao mundo, afetando países grandes e pequenos, ricos e pobres.

“Bilhões de pessoas perderam o emprego. Há muito temor e incertezas. A economia mundial está sofrendo a pior contração desde a Grande Depressão. A pandemia expõe quais são os defeitos, as desigualdades, as injustiças e as contradições do nosso mundo moderno, destacando nossos pontos fortes e nossos pontos fracos. Apesar do poderio econômico, militar e tecnológico de muitas nações, este minúsculo vírus está nos dando uma lição de humildade. O mundo não vai ser o mesmo. Todos sabemos que temos que fazer todo o possível para evitar que essa experiência se repita. Nosso maior fracasso vai ser não aprender com as lições que essa pandemia nos deixa”, afirmou o diretor-geral da OMS.

Em relação aos desafios impostos aos países pela disseminação da Covid-19, Adhanom reiterou que a OMS, desde o primeiro momento, alertou o mundo sobre a gravidade da doença.

“Demos o alerta, voltamos a dar em repetidas situações, notificamos os países, emitimos orientações para os profissionais de saúde e, em dez dias, declaramos uma emergência sanitária, que é o nosso nível máximo de alerta, em 30 de janeiro. Naquele momento havia menos de 100 casos e nenhuma morte na China. Oferecemos diretrizes técnicas, assessoramento estratégico, sustentando a todo o momento a nossa experiência com fundamentos científicos. Apoiamos os países para que pudessem se adaptar e aplicar essas diretrizes. Enviamos material para diagnósticos, EPI’s (equipamentos de proteção individual), oxigênio e material médico a mais de 120 países. Formamos 12,6 milhões de profissionais sanitários em 23 idiomas, pedimos acesso equitativo às vacinas, às provas de diagnóstico ou aos tratamentos terapêuticos. Lutamos contra as fake news e divulgamos informação confiável”, disse Adhanom.

O diretor-geral da OMS acrescentou que a pandemia demonstra que, se a humanidade quer que haja desenvolvimento, é necessário investir em saúde. E que a saúde não é nenhum luxo, nem recompensa, nem custo. É uma necessidade, um investimento. “É o caminho para a segurança, a prosperidade e a paz”.