Médicos denunciam falta de insumos e equipamentos pelo Brasil

Conselho Federal de Medicina (CFM) registrou 17 mil denúncias.

População ainda tem temor em relação ao acesso no local as tendas de triagem, mas, com o aumento dos casos, os atendimentos aumentaram | Foto: Fabiano do Amaral/Correio do Povo

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou o primeiro levantamento sobre a situação dos médicos no atendimento aos pacientes infectados pelo coronavírus. Segundo o estudo, foram registradas 17 mil denúncias de problemas com o fornecimento de insumos, equipamentos, medicamentos e instrumentos de proteção, além daqueles na área de recursos humanos.

As maiores reclamações foram sobre a falta de EPIs (38,2%). Entre estes, foram apontados problemas com a falta de máscaras N95 ou equivalentes (24,6%), avental (22%), óculos ou protetor facial (18,8%), máscara cirúrgica (16,1%), gorro (10%), luvas (4%) e luvas cirúrgicas (3,7%).

Em relação a insumos, os profissionais informaram a ausência de kits de exame para a covid-19, com 29,4% das denúncias; medicamentos, com 21,9%; material educativo, com 18,6%; exames de imagem, com 13,8%; material para uso em unidades de tratamento intensivo (UTIs), com 10,2%; e material para curativo, com 6,1%.

Entre as denúncias apresentadas, 30,8% relataram a falta de álcool em gel; 22%, a de álcool 70%; 19,3%, a de papel toalha; e 17,4%, a de sabonete líquido. O álcool em gel eo  sabonete são os métodos de higienização recomendados para evitar a contaminação pelo vírus.

Os dados foram levantados por meio de uma plataforma disponibilizada pelo Conselho Federal de Medicina para receber denúncias de problemas nas condições de trabalho por profissionais da categoria. Segundo o  CFM, 1,5 mil trabalhadores enviaram denúncias pelo sistema.

Problemas na área de gestão de pessoas:

O levantamento também mapeou problemas nas equipes de recursos humanos nas unidades de saúde. Do total de queixas recebidas sobre o tema, 42% indicaram a falta de equipes de enfermagem, 25,5%, a de médicos, 15,1%, a de equipes de apoio (como limpeza) e 13,4%, a ausência de fisioterapeutas.

Leitos:

O CFM também recebeu denúncias sobre problemas relacionados a leitos. Do total de reclamações sobre o tema, 39,3% tratavam de dificuldade de acesso a leitos de UTI para adultos; 32%, a leitos de internação para adultos;17,6%, a leitos de UTI para crianças e adolescentes; e 11,1%, a leitos de internação para crianças e adolescentes.

Distribuição de insumos, exames, e EPIs no Brasil:

O custeio de medicamentos, insumos e equipamentos é responsabilidade das autoridades de saúde nas três esferas. Conforme o painel de insumos do Ministério da Saúde, até a semana passada, tinham sido encaminhadas a estados e municípios 28,1 milhões de máscaras cirúrgicas, 35 milhões de luvas, 13,9 milhões de sapatilhas e toucas, 2,5 milhões de máscaras N95, 2 milhões de aventais, 563,6 mil frascos de álcool em gel, 207,2 mil óculos e protetores faciais.

Sobre os testes, o secretário substituto de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, informou, em entrevista no Palácio do Planalto, que haviam sido disponibilizados 3 milhões de testes. Segundo Macário, agora o momento é da segunda fase, para a qual está previsto o encaminhamento de sete milhões de testes de laboratório (PCR) e 9,5 milhões de kits para exames sorológicos.

Até o fim do ano, a previsão é chegar a 46 milhões realizados. De acordo com o representante do Ministério da Saúde, 128 mil exames ainda estão em processamento.