Contrários e favoráveis a Bolsonaro medem forças em atos no Centro de Porto Alegre

Por pouco não houve confusão generalizada; integrantes do Exército precisaram intervir para impedir troca de agressões

Foto: Mauro Schaefer/CP

Grupos contrários e favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro voltaram a medir forças e trocar farpas, nesse domingo, em frente à sede do Comando Militar do Sul (CMS), que fica na rua dos Andradas, no Centro Histórico de Porto Alegre. Como já virou rotina em fins de semana, a via se transformou em palco para insultos e ameaças sob olhar de policiais da Brigada Militar e integrantes do Exército. Separados por barreiras de policiais e por faixas delimitando até onde podiam permanecer com bandeiras e faixas, os manifestantes trocaram ofensas por mais de uma hora e meia.

De um lado, defensores de intervenção militar no Supremo Tribunal federal (STF) e no Congresso Nacional; de outro, defensores da democracia e da saída de Bolsonaro. Durante o ato desse segundo grupo, duas mulheres com camisetas e bandeiras do Brasil passaram entre os ativistas em tom de provocação. Por pouco não houve confusão generalizada. Integrantes do Exército precisaram intervir para impedir troca de agressões.

Em maior número do que em semanas anteriores, o grupo que fazia protesto contra o presidente – formado na maioria por jovens que vestiam preto – levou faixas com a mensagem “Fora Bolsonaro, somos resistência”. Um dos organizadores do ato, um estudante de 26 anos, que prefere não se identificar com receio de represálias, explica que o boca a boca entre conhecidos resultou em maior mobilização neste domingo. “Viemos aqui defender a democracia, a ordem constitucional. É um crime o que eles vêm fazer aqui”, critica. O jovem disse que o ato serviu também para protestar contra o governo federal e a ausência de medidas efetivas no combate ao novo coronavírus.

Um dos coordenadores do ato pró-Bolsonaro, Edson Cavalcante acusou o grupo adversário de contar com integrantes de black blocs. Em meio a faixas com pedidos de intervenção no STF e ‘restauração da harmonia e independência entre Poderes’, Cavalcante garante que o grupo pede apoio do Exército ao presidente Bolsonaro por meio de uma espécie de AI-5, que marcou o período mais duro da ditadura militar no Brasil e concedeu poderes quase ilimitados ao presidente. “O que a grande maioria está pedindo é uma espécie de AI-5 com Bolsonaro”, reiterou.

Outro participante do ato pró-Bolsonaro, Rodolfo Moreno disse que os atos pedem uma ‘limpeza’ no Congresso e intervenção militar com o presidente à frente. “Não queremos que Bolsonaro saia. Os Poderes estão inviabilizando a governabilidade do nosso presidente”, justifica. Na avaliação de Moreno, Congresso Nacional e STF vêm atuando em conjunto com governadores e prefeitos para ‘quebrar a nossa economia’. “Isso que a gente está vendo, eles estão se aproveitando politicamente do vírus para quebrar a economia”, acrescentou.