Universidades de São Paulo pedem adiamento do Enem

Segundo levantamento da Unicef, 17% dos jovens brasileiros , com idade entre 9 e 17 anos, não possuem acesso à internet; aulas online, em meio a pandemia do coronavírus, dão continuidade ao aprendizado

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

As universidades federais de São Paulo e o Instituto Federal do Estado lançaram um manifesto pelo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano devido às consequências da pandemia do novo coronavírus. A sugestão e pedido das entidades é para que a prova seja realizada no início de 2021.

Em nota, as entidades educacionais dizem ser “notório” que a pandemia compromete as condições de “continuidade e conclusão dos estudos das alunas e alunos do ensino médio, potenciais candidatos ao exame”.

No manifesto, reitoras e reitores da Unifesp, UFSCar, UFABC e IFSP pedem que as autoridades responsáveis revisem os prazos e períodos do cronograma do Enem. Os dirigentes sugerem a prorrogação ou a criação de novos prazos para inscrições e, consequentemente, o adiamento para “datas razoáveis no início de 2021”.

Um estudo recente, solicitado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostra que, no Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, não conta com acesso à internet em casa. Isso representa 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Os dados, coletadas entre outubro de 2019 e março de 2020, fazem parte da pesquisa TIC Kids Online 2019, que vai ser lançada na íntegra em junho.

Os dados foram solicitados pelo Unicef para medir, em meio à pandemia do novo coronavírus, quantas crianças e adolescentes podem estar sem acesso a aulas online e a outros conteúdos da internet que garantam a continuidade do aprendizado.

De acordo com o chefe de Educação do Unicef, Ítalo Dutra, a pandemia evidencia desigualdades já enfrentadas no cotidiano em todo o país. Há escolas com infraestrutura adequada e de qualidade, e outras sem, o que já impacta no aprendizado.

A pesquisa revela, ainda, que 11% da população nessa faixa etária não acessa a Internet de forma nenhuma. A exclusão é maior entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais, onde o índice de exclusão chega a 25%.