Pesquisa estima que 25 mil pessoas no RS já tenham contraído o coronavírus

Na terceira etapa, foram feitos 4,5 mil testes rápidos: 10 deram positivo

Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) divulgou, nesta quarta-feira, o resultado da terceira etapa da pesquisa de prevalência do novo coronavírus no Rio Grande do Sul. A sondagem estima que 24.860 pessoas já tenham contraído a Covid-19 – nove vezes mais que o total registrado oficialmente até o fim de semana passado. Para a análise, que envolve 12 universidades, foram feitos 4,5 mil testes rápidos, entre o sábado e a segunda-feira. Dez deram positivo.

De acordo com o reitor da Ufpel, Pedro Hallal, o avanço da propagação do vírus entre os gaúchos é aritmético e não geométrico. O professor lembrou que, da primeira para a segunda pesquisa, o total estimado de infectados quase triplicou, de 5,6 mil para 15 mil. Da segunda para a terceira, o total não chegou a dobrar.

A estimativa é de que, atualmente, haja uma pessoa infectada a cada 454 habitantes, com 0,22% da população tendo desenvolvido anticorpos para a doença.

Compare as três sondagens:

Dos dez testes positivos, quatro foram confirmados em Passo Fundo, cidade que já registrou 20 mortes desde o início da pandemia. Os demais testes positivos foram de moradores de Ijuí (2), Pelotas (1), Santa Cruz do Sul (1), Caxias (1) e Porto Alegre (1).

Todos os familiares contatantes das pessoas com teste positivo também realizaram o exame rápido junto aos pesquisadores. Dos 38 familiares testados na terceira fase da pesquisa, 1/3 também se infectou, apresentando uma “probabilidade relativamente alta” de contaminação doméstica.

Conforme as três fases da pesquisa, dentre as 18 pessoas que tiveram teste positivo, o sintoma mais relatado era dor de garganta (22%), seguido de tosse (17%), alterações no olfalto e paladar (17%) e diarreia (17%). Dificuldades para respirar e febre, sintomas identificados em casos avançados da doença, foram reportados por 11% e 6% dos entrevistados, respectivamente. O levantamento dos sintomas, segundo avaliação do reitor Pedro Hallal, reforça a teoria de que “há um percentual grande de pessoas que não vão procurar o serviço de Saúde”.

Na avaliação geral da pesquisa, o reitor da Universidade considera que o resultado é otimista e recomenda a manutenção das medidas de enfrentamento ao vírus já adotadas em nível estadual. “A prevalência (do vírus) segue baixa e a velocidade da doença não está acelerando. A gente recomenda testagem em massa na população e que siga o isolamento, cada vez mais”, apontou Hallal. No entanto, ele pediu um “olhar especial” para Passo Fundo.

A informação não surpreendeu o governador Eduardo Leite, que em entrevistas anteriores já havia afirmado que as ações de enfrentamento ao vírus possuíam um foco mais específico em Passo Fundo e que a subnotificação é concreta. Entretanto, ele considerou o diagnóstico uma “segurança para a tomada de decisões” na cidade, onde a bandeira é laranja – considerada médio risco. O chefe do Estado entende que os resultados serão complementares aos critérios usados na avaliação das bandeiras (testagem de casos e ocupação de leitos de UTI). “Não vamos mudar as regras no meio do jogo”, afirmou Leite.

A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, minimizou a preocupação ao apontar a ampliação de leitos durante a pandemia na região de Passo Fundo. “Ao mesmo tempo que há essa sinalização de quatro casos, o governo também está participando para adotar a estrutura necessária para o atendimento a população”, ressaltou durante a videoconferência de apresentação da pesquisa.

Foi a terceira etapa da pesquisa coordenada pela UFPel, que em vez de quatro, vai ter seis, seguindo ao longo de junho. A etapa atual testou 4,5 mil moradores dos mesmos municípios das rodadas anteriores: Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana. O conjunto de nove municípios representa 31% da população total do Rio Grande do Sul.