Investigadores dizem que vídeo de reunião é “devastador” para Bolsonaro

Presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de “segurança do Rio”

Foto: Marcos Corrêa / PR

Fontes que acompanharam, nesta terça-feira, a exibição do vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto avaliaram, em declarações para o jornal O Estado de S.Paulo, que o conteúdo da gravação “escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos” e que Jair Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da corporação, no Rio de Janeiro, dizendo que os familiares vinham sofrendo perseguição. O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de “segurança do Rio”, segundo relatos feitos ao jornal.

Os investigadores entendem que o material é “devastador” para o presidente e que a gravação atesta, cabalmente, as acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, que atribuiu ao presidente tentativa de interferência na corporação, o que levou à abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme o Estadão já havia informado, a reunião teve palavrões, briga entre ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de Bolsonaro de demissão “generalizada” a quem não defende as pautas do governo.

“O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim”, anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo. O Estadão não obteve a íntegra do vídeo, que segue mantido sob sigilo.

As cenas foram exibidas a um grupo restrito de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF.

O vídeo dura cerca de duas horas e o procedimento de exibição durou mais de duas horas e meia. Todos que acompanharam tiveram de ficar sem o celular durante a sessão.

Na tarde de hoje, três ministros generais do Planalto depõem à Polícia Federal: Braga Neto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Segundo Moro, os três testemunharam as pressões do presidente para intervir politicamente na Polícia Federal.