Dólar bate recorde com tensão política no Brasil e atinge R$ 5,866

Conteúdo de vídeo de reunião ministerial realizada no fim de abril impulsionou as cotações

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Em meio a tensões no Brasil e no exterior, o dólar aproximou-se de R$ 5,90 e voltou a bater recorde. O dólar comercial encerrou a terça-feira vendido a R$ 5,866, com alta de R$ 0,042 (+0,71%). É o maior valor nominal (sem considerar a inflação) desde a criação do real.

O euro comercial fechou a R$ 6,37, com alta de 1,26%. A libra comercial encerrou o dia vendida a R$ 7,22, com alta de 0,54%.

O dólar operou em queda até pouco antes das 15h, quando se encerrou a exibição, na sede da Polícia Federal, do vídeo de uma reunião ministerial realizada no fim de abril. O vídeo é parte do inquérito que investiga declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Na máxima do dia, por volta das 16h, encostou em R$ 5,89. A divisa acumula alta de 46,17% em 2020.

O Banco Central (BC) interferiu pouco no mercado. A autoridade monetária realizou um leilão de contratos novos de cerca de US$ 500 milhões de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

Nos últimos dias, os investidores repercutem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a Selic (taxa básica de juros) para 3% ao ano. Além de reduzir a taxa além do estimado, o BC indicou que pretende promover novo corte de até 0,75 ponto percentual em junho, o que pode levar a Selic para 2,25% ao ano.

Juros mais baixos fazem os investidores retirarem capital de países emergentes, como o Brasi. As tensões políticas internas também interferiram no mercado. Além da exibição do vídeo da reunião ministerial, os investidores ficaram atentos às negociações para o veto a artigos da lei de ajuda a estados e municípios que livra categorias de servidores do congelamento salarial por 18 meses.

Mercado de ações

O dia teve perdas no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3 (bolsa de valores brasileira), fechou a terça-feira aos 77.872 pontos, com queda de 1,51%. O indicador se manteve em alta até por volta das 15h, mas passou a operar em queda nas horas finais de negociação. O Ibovespa fechou no menor nível desde 24 de abril.

Além das tensões políticas no Brasil, o Ibovespa sofreu influência do mercado externo. Devido ao aumento de casos de coronavírus em países que relaxaram as restrições sociais, como a Alemanha e a Coreia do Sul, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com perda de 1,89%.