Defesa de Moro alega que não há conteúdo reservado em vídeo de reunião ministerial

Para advogado, gravação confirmou declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública feitas em depoimento no sábado retrasado

Foto: Marcos Corrêa / PR / Palácio do Planalto

O advogado Rodrigo Sánchez Rios, responsável pela defesa de Sérgio Moro, afirmou, na tarde desta terça-feira, que o vídeo apresentado pela Polícia Federal a autoridades confirmou as declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, feitas em depoimento no sábado retrasado. Sánchez disse, ainda, que não há, na gravação, nenhum conteúdo sensível ou que exija sigilo.

“O material confirma integralmente as declarações do ex-ministro Sérgio Moro na entrevista coletiva de 24 de abril e no depoimento prestado à PF em 2 de maio. É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, afirmou Sanchéz.

Também acompanharam a exibição o advogado-geral da União, José Levi, e Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, juiz federal auxiliar do ministro Celso de Mello, do STF.

Sérgio Moro e o advogado chegaram às 7h40min ao Instituto de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, na manhã desta terça-feira. Segundo a Record TV, entre 8h e 10h houve uma reunião e o vídeo só começou a ser exibido por volta de 11h40min. Depois, o vídeo apresentou problemas técnicos e voltou a ser exibido perto do meio-dia.

A reunião havia sido citada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro em depoimento realizado no dia 2 de maio, no inquérito que apura as declarações do ex-ministro sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.

De acordo com Moro, Bolsonaro deixou claro que pretendia interferir em todos os Ministérios e que, no da Justiça e Segurança Pública, se dispunha a trocar o diretor-geral da PF e o próprio ministro se “não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro”.

Ao autorizar a PGR, a AGU e a defesa de Moro a assistir o vídeo, o ministro Celso de Mello registrou que vai decidir ‘brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão’.

Zero preocupação 

Nessa segunda, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou ter ‘zero’ preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela ‘verdade acima de tudo’. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito venham a público.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação envolvia ‘assuntos potencialmente sensíveis’ e pediu para remeter apenas trechos do material.