Celso de Mello dá 48h para Moro, PGR e AGU opinarem sobre sigilo de vídeo

STF pediu manifestações após gravação ser mostrada às partes interessadas em inquérito que investiga Bolsonaro

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu hoje conceder prazo de 48 horas para receber manifestações sobre a retirada do sigilo do registro audiovisual da reunião no Palácio do Planalto, realizada no dia 22 de abril e citada pelo ex-ministro Sergio Moro em depoimento prestado no início do mês.

Com a decisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Advocacia-Geral da União (AGU) e a defesa de Moro deverão dizer se são a favor da manutenção do sigilo ou da divulgação total ou parcial da gravação.

Após receber as manifestações, Celso de Mello vai decidir se o sigilo deve ou não ser mantido.

O ministro abriu o prazo após a PF exibir o vídeo, nessa manhã, somente aos envolvidos na investigação, que apura a suposta interferência de Bolsonaro na corporação.

Estiveram presentes representantes da PGR, os delegados responsáveis pela investigação, a AGU, representando o presidente, o ex-ministro Moro e advogados dele, além de um juiz auxiliar do ministro.

Desde a exoneração de Moro, o presidente nega que tenha pedido para o então ministro interferir em investigações da PF.

Para defesa de Moro, não há o que esconder

Mais cedo, o advogado Rodrigo Sánchez Rios, que representa Moro, afirmou que o vídeo da reunião confirmou as declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, feitas em depoimento no sábado retrasado. Sánchez disse, ainda, que não há, na gravação, nenhum conteúdo sensível ou que exija sigilo.

“É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional”, afirmou Sanchéz.

De acordo com Moro, Bolsonaro deixou claro que pretendia interferir em todos os Ministérios e que, no da Justiça e Segurança Pública, se dispunha a trocar o diretor-geral da PF e o próprio ministro se “não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro”.

Nessa segunda, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou ter ‘zero’ preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela ‘verdade acima de tudo’. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito venham a público.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a AGU alegou que a gravação envolvia ‘assuntos potencialmente sensíveis’ e pediu para remeter apenas trechos do material.