Bolsonaro critica governadores dizendo que “afrontar estado de direito aflora autoritarismo”

Decisão de ampliar rol de serviços essenciais não vai ser acatada em várias regiões do país

Foto: TV Brasil / Reprodução / CP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou, nesta terça-feira, os governadores que reprovaram a decisão de incluir academia, barbearia e salão de beleza como atividade essencial em meio à pandemia de coronavírus. “O afrontar o estado democrático de direito é o pior caminho, aflora o indesejável autoritarismo no Brasil”, afirmou.

Bolsonaro incluiu, no fim da tarde desta segunda-feira, academias de ginástica, salões de beleza e barbearias como serviços essenciais – a lista engloba atividades que podem funcionar, mesmo diante do atual estado de calamidade pública.

Logo depois da publicação do decreto, governadores do Ceará, Bahia, Maranhão, entre outros, criticaram a decisão de Bolsonaro, citando um entendimento do Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro disse, então, que governadores que não concordarem com o decreto podem ajuizar ações na justiça ou, via congressista, entrar com projeto de decreto legislativo. “Nossa intenção é atender milhões de profissionais, a maioria humildes”, disse o presidente. De acordo com ele, essas pessoas querem voltar ao trabalho e levar saúde e renda à população.

O STF já decidiu que estados e municípios detêm autonomia para determinar o que abre e fecha em cada região durante a pandemia.

Ontem, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que, até quarta-feira, publica diretrizes que podem ser seguidas em todo o país para nortear a reabertura gradativa da economia. Durante a coletiva de imprensa, o ministro não escondeu a surpresa sobre o decreto presidencial dizendo que a decisão não passou pela Pasta. De acordo com ele, não é atribuição do Ministério da Saúde decidir o que pode ou não funcionar, e sim do Ministério da Economia e do presidente da República.

Para Witzel, Bolsonaro “caminha para o precipício”

Nessa manhã, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que Jair Bolsonaro “caminha para o precipício e quer levar com ele todos nós”. Para o governador, não há nenhum sinal de que as medidas restritivas devam ser flexibilizadas neste momento.

“Estimular empreendedores a reabrir estabelecimentos é uma irresponsabilidade. Ainda mais se algum cliente contrair o vírus. Bolsonaro caminha para o precipício e quer levar com ele todos nós”, disse.