STF recebe imagens de reunião que Moro citou em depoimento e decreta sigilo

Celso de Mello vai aguardar parecer da PGR para decidir se levanta segredo de Justiça sobre o material

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu na noite desta sexta-feira a cópia da gravação de uma reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros e presidentes de bancos públicos, realizada em 22 de abril. O registro da reunião havia sido solicitado pelo decano, que determinou que a mídia seja mantida em segredo de Justiça, temporariamente. Mais cedo, o ministro pediu um parecer do procurador-geral da República, Augusto Aras, para decidir se levanta ou não o sigilo das gravações.

No despacho proferido na terça-feira, Celso de Mello pediu a cópia da gravação à Secretaria-Geral e à Secretaria de Comunicação da Presidência da República ao atender o pedido de diligência feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito que apura as declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF). Moro citou a reunião em depoimento à PF na semana passada, dizendo ter sido pressionado pelo presidente, em frente a outros ministros, a trocar o diretor-geral da Polícia Federal (PF).

Desde a exoneração de Moro, Bolsonaro nega que tenha pedido para o então ministro interferir em investigações da Polícia Federal.

Íntegra

De acordo com a Advocacia Geral da União (AGU), o vídeo entregue ao Supremo “contém o inteiro teor” do encontro, “sem qualquer edição ou seleção de fragmentos”. Conforme o jornal O Estado de S.Paulo, palavrões, briga de ministros, anúncio de distribuição de cargos para o Centrão e ameaça de demissão “generalizada” pautaram a reunião.

Desde quarta, a AGU pedia a revisão da ordem de entrega da gravação, inicialmente afirmando se tratar de uma reunião que tratou de assuntos sensíveis para o governo.

Nessa quinta, o órgão pediu para enviar somente trechos do vídeo, nos quais Moro fala, excluindo o restante. Nesta sexta, pediu para saber quem vai poder ter acesso à gravação das imagens dentro do Supremo.

Já a defesa de Moro pedia a entrega da gravação integral. “Destacar trechos que são ou não importantes não pode ficar a cargo do investigado”, frisaram os advogados do ex-ministro.