Pelo menos 1/3 dos bares e restaurantes pode fechar em função da crise, estima Abrasel-RS

Maria Fernanda Tartoni relata que parte dos estabelecimentos associados completou 40 dias com faturamento zero

Foto: Ricardo Giusti/CP

O setor de bares e restaurantes é um dos mais impactado pela crise, em decorrência das medidas sanitárias aplicadas no combate ao novo coronavírus. A seccional gaúcha da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS) informou hoje que, dos cerca de 400 associados à entidade, mais de 130 admitem a possibilidade de fechar as portas em 2020.

A presidente do Conselho de Administração da Abrasel, Maria Fernanda Tartoni, relata que parte deles completou 40 dias com faturamento zero. Ela ainda trata a situação como emergencial, lembrando que, priori, existe a possibilidade de que o setor volte a funcionar a partir de junho.

A solução que a maioria dos empresários do ramo encontra, segundo Maria Fernanda, é operar com tele-entrega e retirada em balcão. O que é insuficiente para manter o negócio funcionando de forma adequada, conforme a presidente.

No restaurante que administra, no bairro Auxiliadora, em Porto Alegre, Maria Fernanda cita que a receita obtida com essa operações corresponde a 15% da média de um mês com abertura normal. “Estamos trabalhando para sobreviver e para chegar ao fim do ano. O que temos em mente é passar por isso da forma mais ilesa possível”, declarou. Ela lembra, ainda, que restaurantes de shoppings não podem contar com essas opções (de tele-entrega e retirada).

Além da readequação das operações, os estabelecimentos vêm aderindo à medida provisória (MP) do governo federal que permite reduzir jornada e salário e suspender os contratos com os trabalhadores, com parte do vencimento quitado com o seguro-desemprego.

Há também proprietários de restaurantes utilizando empréstimos para pagar salários e renegociando com locatários e fornecedores que, segundo Maria Fernanda, “seguem na mesma situação”.

Uma saída, de acordo com ela, pode ser a antecipação da abertura para meados de maio. “Mas vamos ver a curva de contágio, com fica”, considera.

O retorno, porém, é algo visto com certo ceticismo. “Aqueles que conseguirem voltar terão que se preparar para um novo consumidor”, estima Maria Fernanda. Além de mais rigoroso com a higiene e criterioso nas escolhas, o cliente vai voltar com menos poder aquisitivo. “Vamos ter uma demanda menor de clientes. Não sabemos se vai voltar aos patamares de antes”, finaliza.