MP pede interdição imediata e total das operações em dois frigoríficos de Lajeado

Governo suspendeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China Foto: Arquivo / Agência Brasil

O Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu nesta segunda-feira que seja determinada a paralisação imediata e integral de toda a atividade nas plantas industriais das empresas Companhia Minuano de Alimentos e BRF SA, em Lajeado. Em ações civis públicas com pedidos de tutela de urgência, o órgão estadual pede a interdição dos espaços pelo período mínimo de 15 dias e com multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.

As ações, assinadas pelo promotor de Justiça Sérgio Diefenbach, pedem também que durante o período de suspensão das atividades, seja feita a higienização e descontaminação das unidades industriais, inclusive sistemas de refrigeração de ar, veículos próprios e de terceiros, espaços internos e externos da unidade, como estacionamento, paradas de ônibus, acessos às empresas, etc, segundo critérios e orientações dos órgãos de vigilâncias sanitárias do Estado, do Município de Lajeado e da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia.

As empresas deverão ainda elaborar planos de retomada gradativa das atividades para implementação após o período de suspensão, observando as orientações dos mesmos órgãos já citados. Os planos somente serão efetivados após análise e aprovação do Ministério Público e homologação judicial, sob pena de se prorrogar a suspensão dos serviços até a sua completa adequação.

Por fim, as ações pedem que a Minuano e a BRF acompanhem, monitorem e, antes do retorno ao trabalho, testem todos os trabalhadores, inclusive os terceirizados, prestando e repassando todas as informações aos gestores de saúde dos respectivos domicílios, com a fixação de multa no valor de R$ 10 mil por evento, em caso de descumprimento.

Conforme Sérgio Diefenbach, as ações são fruto de consenso entre promotores de Justiça de Lajeado e das cidades do entorno: Venâncio Aires, Estrela, Arroio do Meio, Encantado e Taquari. “Respondem ao anseio de alguns prefeitos da região, médicos e técnicos na área de saúde e basicamente à necessidade de preservarmos a saúde e a vida não só dos trabalhadores, mas de suas famílias e das pessoas que mantem contato com eles”, explica o promotor.

De acordo com Diefenbach, os números vinham demonstrando que talvez pela natureza do frigorífico, aqueles dois polos estavam sendo irradiadores de muitas contaminações. “Havia uma necessidade de manter-se coerência entre os objetivos gerais do Estado e do Município. Por exemplo: a rua da frente destes frigoríficos teve proibida a abertura de mercados e padarias justamente em razão das aglomerações. O que dizer, então, das pessoas que passam 6h, 8h lá dentro confinadas?”, ressalta ele. E completa: “Essas razões motivaram os pedidos e agora aguardamos a decisão judicial”.