O presidente Jair Bolsonaro deixou claro hoje que vai insistir em indicar o delegado Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal (PF). Duas horas após a Advocacia-Geral da União recorrer da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que barrou a posse de Ramagem, Bolsonaro desautorizou o órgão e disse que o governo vai tentar reverter a decisão. “Quem manda sou eu”, declarou, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.
Mais cedo, a AGU havia dito, em nota, que não pretendia apresentar recurso, pelo fato de o governo ter anulado o decreto em que Ramagem havia sido nomeado. A publicação, do início da tarde, cancelou também a exoneração do delegado do cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para o qual ele voltou.
“Eu quero o Ramagem lá. É uma ingerência, né? Mas vamos fazer tudo para (ter) o Ramagem. Se não for, vai chegar a hora dele e eu vou botar outra pessoa”, disse o presidente, no fim da tarde.
Questionado sobre a declaração de Bolsonaro, o recém-empossado advogado-geral da União, José Levi, reforçou que o órgão não prevê a apresentação de recurso junto ao Supremo. “Já foi dito que não vai recorrer”, declarou Levi.
Decisão
Ao suspender a nomeação de Ramagem, Moraes aceitou os argumentos do PDT, que apontou “abuso de poder por desvio de finalidade”. O partido alega que a indicação de um amigo da família Bolsonaro para o posto teve como objetivo interferir politicamente no órgão de investigação.
Na decisão, o ministro do Supremo cita declarações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que acusou Bolsonaro de tentar interferir nos rumos de investigações e de cobrar relatórios de inteligência da PF.
No discurso em que deu posse ao novo ministro da Justiça, André Mendonça, e ao novo advogado-geral da União, Bolsonaro já havia sinalizado em insistir na nomeação. “Tenho certeza que esse sonho brevemente se concretizará para o bem da nossa PF e do nosso Brasil”, afirmou o presidente.