O senador Major Olimpio (PSL-SP) afirmou que não vê ambiente, neste momento, para que se inicie um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar concedeu entrevista, na manhã desta terça-feira, no programa Bom Dia.
A fala do senador acontece após declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao deixar o cargo. Ele apontou que Bolsonaro queria interferir nas operações da Polícia Federal. Na noite de ontem, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu autorizar a abertura de um inquérito para investigar as declarações feitas pelo ex-ministro. Ele atendeu um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
“Não vejo um ambiente, de fato, para que a Câmara dos Deputados tenha um processo de admissibilidade e vote uma autorização de impeachment do presidente. Não vejo um clima político, nem em decorrência de eventuais apurações das falas de Moro e da réplica do presidente. Então, fica a fala de duas pessoas com dificuldade de comprovação e o benefício da dúvida para os dois lados e, eventualmente, a dúvida para sociedade”, comentou o senador.
Olímpio também destacou que o país precisaria estar vivendo um clima de manifestações nas ruas, além do número de pedidos de impeachment já protocolados na Câmara. “O impeachment é mais de ordem política do que administrativa ou criminal. É preciso o povo nas ruas clamando por isso, o próprio isolamento social impede isso. Pedidos por pedidos temos 28 protocolizados, qualquer cidadão, parlamentar ou instituição pode fazer. Agora, ter admissibilidade para fazer os votos necessários, os trâmites para ter todos os votos necessários, eu não vejo isso. Eu torço para que não se chegue a isso no país, é extremamente traumatizante, há paralisação da economia, tumulto de ordem social, pode desencadear violência pública. Temos que torcer para não chegar nisso”.
Relacionamento com os filhos
O senador Major Olimpio também comentou o relacionamento do presidente Bolsonaro com os filhos, Carlos (Vereador-RJ), Eduardo (Deputado Federal-SP) e Flávio (Senador-RJ).
“Ele tem nos filhos um porto seguro e um aconselhamento superior, muitas vezes, a todos os ministros e seu entorno político. Vemos atos e fatos praticados pelos filhos que só atrapalham o curso do governo, criam turbulência. Muitos são objetos de apuração de natureza criminal. Mesmo que custe o mandato, não creio que ele mude o posicionamento com seus filhos, eu vejo isso com extrema preocupação”, salienta.
No último dia 25, o portal The Intercept publicou uma matéria em que aponta o senador Flávio Bolsonaro envolvido no esquema de rachadinha que financiou prédios ilegais da milícia no Rio de Janeiro. No mesmo dia, Folha de São Paulo divulgou que a Polícia Federal identificou Carlos Bolsonaro como articulador de esquema criminoso envolvendo fake news.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), também em entrevista ao programa Bom Dia, indica que as declarações de Moro serão apuradas. Para o senador, as mensagens divulgadas indicam que o presidente queria proteger a si e seus filhos. “Já está mais do que demonstrado que o Jair Bolsonaro do discurso não é o mesmo que segura a caneta”.