Governo estima em 150 mil o número de desempregados de março a abril

Pouco mais de 4 milhões de pessoas já assinaram acordos de redução de jornada ou suspensão de contrato de trabalho

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O Ministério da Economia estima que houve um aumento de 150 mil pessoas desempregadas no país entre março e a primeira quinzena de abril, em relação ao mesmo período de 2019, em razão da crise causada pelas medidas de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19) no Brasil.

Os números levaram em conta, segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, os pedidos de seguro-desemprego registrados pelo órgão e na estimativa de demanda reprimida de pessoas que não conseguiram solicitar o seguro por causa das restrições do atendimento presencial aos trabalhadores.

De acordo com os dados apresentados hoje pela equipe econômica, em março de 2020 foram feitos 536.845 requerimentos de seguro-desemprego, redução de 3,5% em relação a março de 2019, quando foram 556.226. Já na primeira quinzena de abril deste ano, 267.693 trabalhadores solicitaram o seguro, queda de 13,8% em relação às 310.509 solicitações na primeira quinzena de abril de 2019.

“Tendo em vista o fechamento das agências Sine [Sistema Nacional de Emprego], temos uma demanda reprimida. Ainda temos pequena fila, que estamos dando conta rapidamente, do pedido do seguro-desemprego. E essa demanda reprimida não passa de 200 mil em março e abril de 2020. Portanto, temos um aumento de pedidos de seguro-desemprego, mas esse aumento não passa de 150 mil pedidos [a mais, em relação a 2019]”, explicou Bianco.

Para o secretário, entretanto, os números podem ser considerados positivos já que o grupo é pequeno e está guarnecido pelo seguro-desemprego.

Para o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, a preocupação com uma explosão de desempregados no país não se confirmou, já que o número de pedidos de seguro está muito parecido com os registrados no ano passado. “Nesse primeiro instante de crise, passado mais de um mês, não verificamos um aumento de pedidos, o que demonstra que a situação está parecida do que havia no passado, ligeiro aumento mas não é nenhuma explosão, perto do que nós pensamos”.

Canais de atendimento

O secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, explicou que a demanda reprimida de trabalhadores que não conseguiram fazer o pedido de seguro-desemprego, se deve ao fato de muitos ainda não terem acesso às alternativas de pedido digitais, por meio do portal do governo federal ou pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.

“Muita gente ficou meio a ver navios num momento em que o Sine fechou as portas. Tão logo as agências do Sine reabram ou adotem atendimento remoto esses números vão se ajustar ao valor real”, disse.

Ainda assim, segundo o ministério, na primeira quinzena de abril 90,2% das solicitações foram realizadas via web. No mesmo período do ano passado, esse número era de apenas 1,6%.

Para dúvidas e esclarecimentos, o trabalhador pode ligar para o teleatendimento Alô Trabalho, no número 158, ou acionar as superintendências por e-mail. No Distrito Federal, por exemplo, o e-mail é [email protected]. Em cada unidade da Federação, basta trocar a sigla da UF para a do estado desejado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o endeereço é [email protected].

Manutenção de empregos com suspensão de contrato ou redução de salário

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, também informou que pouco mais de 4 milhões de pessoas já assinaram acordos de redução de jornada ou suspensão de contrato de trabalho, tendo, com isso, o emprego preservado. A Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020, instituiu o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (Bem), por meio do qual o empregador corta a jornada com redução proporcional de salário e o governo compensa parte das perdas ao trabalhador.

Entretanto, como essa compensação não é integral, de acordo com equipe econômica, a expectativa é que haja uma queda de 15% na renda média dos trabalhadores. Em contrapartida, o funcionário ganha o direito a estabilidade temporária no emprego, pelo mesmo período que durar a redução ou suspensão do contrato.

Caged suspenso

De acordo com a equipe econômica, um panorama mais completo do desemprego no país pode ser demonstrado via Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mas a divulgação dos dados está suspensa porque as empresas e escritórios de contabilidade não vêm conseguindo informar os dados corretos de demissões e contratações no e-Social, que reúne as informações.